Entrevistado pelo DN e pela TSF, Francisco Assis mantém todas as críticas que fez desde o início aos acordos de esquerda em que António Costa assenta o seu Governo
"Não votei em António Costa nas diretas [que a 21 de maio passado reelegeram António Costa como secretário-geral do PS]. Não votei, não participei, seria da minha parte uma grande hipocrisia fazer isso. Não participei neste processo eleitoral - pura e simplesmente não votei", afirma o eurodeputado e ex-líder parlamentar do PS.
E vai mais longe: porque tem "uma profunda divergência" face ao rumo político do PS, "votaria contra" a moção global na qual Costa assentou programaticamente a sua recandidatura a secretário-geral.
"Eu, se tivesse o direito de votar - que não tenho, não sou um delegado eleito - votaria contra essa moção. Porque esta candidatura de António Costa à liderança do partido está associada a um determinado projeto, a uma determina visão e a uma determinada forma de atuação, eu não voto nele, assim como não votei em ninguém, não participei no ato eleitoral."
Contudo, para já não vê possibilidade de confrontar Costa com uma moção global alternativa - algo que estatutariamente implicaria também uma candidatura alternativa a secretário-geral. "O partido está no Governo, há seis meses, e eu não posso ignorar isso, não ia agora apresentar uma moção. Não há neste momento condições para fazer essa discussão."
Na entrevista, que DN publicará na íntegra amanhã e que a TSF transmitirá, também amanhã, depois do noticiário das 11.00, Francisco Assis explica o essencial das suas críticas à plataforma de esquerda e ao PS. O problema, afirma, não é tanto o que o PS faz ou fará no Governo mas o que está impedido de fazer por estar agarrado aos acordos com o BE, o PCP e o PEV: "O Governo não fará reformas sérias no Estado Social - e o Estado Social precisa de reformas -, fará acertos em matéria laboral de forma muito conservadora e não se fará nenhuma reforma do sistema político, por exemplo."