Crime em Arazede, concelho de Montemor-o-Velho (Coimbra). Autoridades fizeram buscas à casa ao fim de sete horas e deram com quatro cadáveres
Paulo da Cruz, o homem de 41 anos que quinta-feira à noite assassinou a tiro o pai (Antero Gomes Margato, de 70 anos), a mãe (Marília Cruz, de 64) e a avó (uma senhora de 91 anos) no Largo das Alminhas da localidade de Faíscas (freguesia de Arazede, concelho de Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra), foi encontrado morto pelos militares da GNR após terem entrado na casa onde ocorreu o crime.
O triplo assassinato ocorreu cerca das 20.40 de quinta-feira. Paulo da Cruz encontrava-se com o pai, a mãe, a avó e um casal familiar (acompanhado este de uma filha de oito anos) num lanche ajantarado na cozinha da casa quando subitamente eclodiu uma discussão violenta entre ele e o pai. Saiu da cozinha, subiu ao seu quarto e depois voltou a descer, armado com uma caçadeira, tendo sido nessa altura que praticou o triplo homicídio. O casal familiar e a filha conseguiram fugir e foi deles que partiu o alerta às autoridades.
O local do incidente | GOOGLE MAPS
Pouco depois a GNR montou uma operação que durou sete horas, implicando meios vindos de Lisboa e tendo terminado já quando o sol nascia no horizonte.
Às 5:00 da madrugada a iluminação de toda a aldeia foi apagada e poucos minutos depois, segundo o CMTV, os operacionais da GNR entraram na habitação. Não havia nesta altura ainda a certeza se o homem estava vivo ou morto. Cerca de 10 minutos depois, militares da GNR deixaram a habitação e a iluminação da rua foi de novo ligada.
A confirmação chegou pouco depois: Paulo da Cruz estava morto no interior da casa, tendo cometido suicídio. Um oficial da GNR, João Seguro, explicou pelas 5:20 aos jornalistas que o suicídio de Paulo da Cruz, com tiro de caçadeira (a arma que usou para matar os pais e a avó) terá ocorrido logo após o triplo assassinato. Foi uma tragédia "de todo imprevisível" já que, segundo aquele militar, o homicida não possuía "nenhum histórico de violência".
O oficial recusou adiantar muito mais pormenores já que o cenário dentro de casa "é um pouco difuso". João Seguro disse que o assalto da GNR demorou sete horas a acontecer devido à necessidade de "privilegiar a segurança de todos os intervenientes". As autoridades receavam que Paulo da Cruz estivesse barricado dentro de casa e as recebesse a tiro.
O culminar da operação aconteceu depois de, pelas 2.55, ter chegado de Lisboa um autocarro da GNR transportando elementos do Grupo de Intervenção de Operacionais, a quem caberia fazer o assalto. Uma hora depois o vice-presidente da câmara de Montemor-o-Velho, José Veríssimo, dizia que o assalto iria ocorrer "a qualquer momento".
Dez minutos antes, o comandante da GNR de Coimbra havia prestado no local esclarecimentos aos jornalistas dizendo que existiam três cenários: ou o homicida teria fugido ; ou permanecia vivo dentro de casa mas recusando qualquer contacto; ou se teria suicidado. Acabou por esta última a hipótese que se confirmou.
As três vítimas de Paulo da Cruz terão sido encontradas num pátio exterior da casa. Paulo da Cruz foi emigrante no Luxemburgo mas regressou há meses a Portugal depois de ter sido despedido. Habitantes da localidade apresentaram-no como uma pessoa "reservada". Além disso caçava, daí ter uma caçadeira, com que praticou os crimes.
Pelas 21.00 de quinta-feira, pouco depois do triplo assassinado, escreveu uma nota confusa na sua página no Facebook, após o que se suicidou.
Um conhecido disse à CMTV que Paulo se mostrava nos últimos tempos "mais reservado do que habitualmente". Estaria a viver um quadro depressivo por ter sido perdido o emprego que tinha no Luxemburgo (motorista de transportes de passageiros), situação que o obrigou a regressar a Portugal.
A "OGBL" que refere no seu post no Facebook como "corruptos de primeira ordem" é uma central sindical luxemburguesa. Paulo da Cruz estaria também envolvido num processo no qual recusava a paternidade de uma menina (daí a referência na nota que escreveu à sua "pseudo filha").
Os pais de Paulo foram também eles próprios emigrantes no Luxemburgo, tendo regressado a Portugal há poucos anos, depois de reformados.
O post que Paulo da Cruz publicou no Facebook cerca das 21.00 de quinta-feira.