Banqueiro chegou ontem de Luanda, onde esteve com representantes do CaixaBank, a apresentar a operação
No regresso a Lisboa, onde aterrou ontem às sete da manhã, Fernando Ulrich estava tranquilo, animado pela forma como decorreu o encontro com o banco central angolano. "A reunião que tivemos em Luanda correu bem", confirmou ao DN, sem querer, no entanto, adiantar se estava otimista quanto ao desfecho da operação de compra lançada pelos catalães sobre o BPI. Ou, mais concretamente, sobre a possibilidade de, uma vez finalizada a OPA, a questão do BFA ser resolvida com simplicidade. Neste tipo de negociações "não faço prognósticos", disse apenas, repetindo que a apresentação da oferta pública de aquisição decorreu com normalidade.
A viagem a Luanda, em que o presidente do BPI se fez acompanhar por "dois altos representantes do CaixaBank", serviu para apresentar à equipa do Banco Nacional de Angola, e sobretudo ao governador Valter Filipe, a OPA dos catalães ao BPI. Segundo Fernando Ulrich, presente nas reuniões esteve também Emídio Pinheiro, o presidente executivo do BFA - banco de capitais angolanos detido pelo BPI, a 50,1%, e por Isabel dos Santos através da Unitel, que tem uma fatia de 49,9% da instituição financeira.
"Não tivemos outros encontros nem foram tratados outros assuntos nesta viagem", assegurou o presidente do BPI, questionado sobre a possibilidade de a deslocação a Luanda ter servido para fazer uma nova aproximação a Isabel dos Santos. "A Santoro é uma empresa portuguesa. O que fomos fazer a Angola foi unicamente apresentar a OPA do CaixaBank ao governador do banco central. E acho que correu bem."
Já esta semana, na apresentação do Banco Millennium Atlântico, o governador do Banco Nacional de Angola afirmara estar atento - "é esse o papel do regulador", disse - ao problema da exposição do BPI ao mercado angolano, reconhecendo porém que a solução terá de ser encontrada pelos acionistas.
CaixaBank mais perto da maioria
Os catalães, que já detinham uma fatia de 44,1% do BPI à data do lançamento da oferta pública de aquisição, a 18 de abril, reforçaram a sua participação nos últimos dias. Com os títulos adquiridos abaixo do preço estabelecido para a OPA - fixado nos 1,113 euros por ação, tendo as compras variado entre os 1,085 e os 1,111 euros -, segundo comunicado enviado à CMVM na quarta-feira, o CaixaBank subiu a sua participação para "44,54% do capital social e 44,71% dos direitos de voto do BPI" ficando ainda mais perto dos 50% mais uma ação.
Assim que os estatutos do banco deixarem de estar blindados, com a entrada em vigor do decreto-lei que acaba com os limites aos direitos de voto, a 1 de julho, os catalães passam a poder votar com a totalidade da sua participação (atualmente estão limitados a 20%). Uma vez garantido o êxito da OPA, o desafio será chegar a um acordo sobre o BFA - de onde vem mais de metade dos lucros - para cumprir a exigência de Bruxelas de reduzir a exposição da instituição a Angola.