O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, fez, esta terça-feira, uma avaliação positiva do desempenho do ministro da Educação pela forma como tem defendido "princípios importantes da escola pública", na Assembleia da República.
"Eu diria, neste momento, que está sob observação, teve alguns bons desempenhos, tem algumas hesitações, mas vamos dar oportunidade a que ele diga exatamente ao que vem", disse o dirigente da Fenprof.
Mário Nogueira falava na apresentação do 12.º Congresso Nacional dos Professores, que se irá realizar no Auditório do Seminário de Vilar, no Porto, em 29 e 30 de abril, e contará com cerca de seiscentos delegados, 80% dos quais eleitos nas escolas de todo o país.
"Para já damos-lhe uma nota positiva, não definitivamente positiva, não necessariamente negativa, pelos seus desempenhos e pela forma como tem defendido princípios importantes da escola pública, na Assembleia da Republica, e como se tem batido contra aquela direita conservadora, de visão fechada para a educação", sublinhou.
Questionado sobre a nota que atribuiria ao titular da pasta da Educação, Mário Nogueira considerou ser inoportuno fazê-lo, uma vez que Tiago Brandão Rodrigues "ainda é muito novo no cargo".
"Como nós somos contra a avaliação sumativa nos primeiros anos de escolaridade, acho que ainda não lhe podemos atribuir uma nota. Temos de ser coerentes". Mas, "se praticar muito do que tem sido o seu discurso de valorização da escola pública e dos professores, com certeza que acabará o curso, neste caso o mandato, com uma distinta avaliação", disse.
Acrescentou que, se o ministro da Educação "não quiser, ou se não puder, ou se for muito hesitante, ou não concretizar o que vai defendendo, cá estaremos para dizer se reprova ou não mas, para já, temos de dizer que é um aluno promissor".
Sobre o Congresso, Mário Nogueira avançou que há duas questões "essenciais" aos professores que estarão em discussão, uma relacionada com "a gestão democrática das escolas" e outra com questões da carreira docente.
"Temos feito um combate muito grande à precariedade, existem mais de 53 mil professores em situação precária, temos feito uma denúncia muito forte da situação" e "temos uma campanha em curso sobre a necessidade de criar um regime excecional de aposentação dos professores, que tenha em conta o desgaste a que estão sujeitos, ao longo de mais de 40 anos da sua atividade", afirmou.
Segundo Mário Nogueira, do congresso deverá sair "uma grande petição a nível nacional, que conjugue este exercício de combate à precariedade, o descongelamento da progressão da carreira, a redução dos horários de trabalho e o acesso à aposentação".
O dirigente da Fenprof disse ainda que, na segunda-feira, irá realizar-se uma reunião negocial com o ministro da Educação, para discutir a mobilidade por doença dos professores e as normas de organização do próximo ano letivo.
No congresso estarão delegações estrangeiras, grande parte europeias, mas também de África, América Latina e do Norte, Ásia e Oceânia.
Estará presente o secretário-geral da Internacional de Educação (IE), organização que representa mais de 32 milhões de trabalhadores da educação, contando com 396 organizações filiadas de 171 países, entre as quais a Fenprof, que, atualmente, participa na sua direção mundial.
O programa inclui ainda a Conferência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa/CPLP -- Sindical de Educação, e uma sessão com os representantes das confederações sindicais de educação do Brasil, sobre a situação vivida naquele país.