O antigo inspetor da Polícia Judiciária Paulo Pereira Cristóvão e outros 17 arguidos começam a ser julgados em junho, num processo relacionado com assaltos violentos a residências, na zona de Lisboa e na margem sul do rio Tejo.
A primeira sessão do julgamento, que vai decorrer às quartas-feiras, está agendada para 01 de junho, às 9.30 horas, na Instância Central Criminal de Lisboa, Juiz 23, no Campus da Justiça, estando já marcadas audiências até 06 de julho, avançou esta sexta-feira à agência Lusa fonte judicial.
Alguns dos arguidos requereram a abertura de instrução do processo, mas o juiz Carlos Alexandre pronunciou todos os envolvidos para irem a julgamento pelos crimes de que estavam acusados pelo Ministério Público, designadamente associação criminosa, roubo, sequestro, posse de arma proibida, abuso de poder, violação de domicílio por funcionário e falsificação de documento.
A decisão instrutória de levar os 18 arguidos a julgamento, dos quais fazem parte ainda três agentes da Polícia de Segurança Pública e o líder da claque leonina Juve Leo, conhecido por 'Mustafá', foi tomada a 16 de novembro do ano passado.
Segundo o despacho de acusação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), o antigo inspetor da PJ, dois outros arguidos e os três polícias recolhiam informações e decidiam quais as pessoas e locais a assaltar pelo grupo.
Depois, as informações úteis, para que pudesse ser reunida a logística necessária à execução dos assaltos indicados, eram transmitidas aos restantes elementos que compunham a vertente operacional da alegada rede criminosa, refere a acusação.
Durante os assaltos, descreve o DCIAP, "os arguidos simulavam ser agentes policiais que realizavam buscas domiciliárias, apresentando documentos identificados como mandados de buscas, que tinham sido previamente elaborados/falsificados por um dos agentes da PSP".
O despacho de pronúncia, a que a Lusa teve acesso, acrescenta, por seu lado, que, "através de violência e ameaças, designadamente com recurso a armas de fogo, procuraram os arguidos intimidar e dominar as vítimas para mais facilmente se apropriarem dos seus bens e valores (...) visando obter um enriquecimento que sabiam ser ilegítimo".
"O 'modus operandi' e violência demonstrada pelo grupo, na execução dos factos descritos na acusação, criou um sentimento geral de insegurança entre a população residente nas zonas em que atuaram", adianta o despacho do juiz Carlos Alexandre.
A pronúncia relata ainda que o antigo vice-presidente do Sporting, Pereira Cristóvão, e os restantes arguidos "agiram com o objetivo de enriquecer à custa do património alheio, bem sabendo que dinheiro e bens de que se apropriaram não lhes pertenciam e que agiam contra a vontade e em prejuízo dos seus proprietários".
Em relação aos três polícias (dois homens e uma mulher), ao simularem que atuavam à ordem dos tribunais para entrarem nas residências das vítimas, com o mero intuito de as intimidarem e de se apropriarem dos seus bens, "além de violarem os seus deveres funcionais, traíam a confiança e o sentimento de segurança das pessoas que era suposto zelarem, mas por quem demonstraram um evidente desprezo e falta de respeito", sublinha o despacho de pronúncia.