Um padre responsável pela Casa do Gaiato de Lisboa foi constituído arguido pela Polícia Judiciária, indiciado por ter desviado verbas da instituição para a compra de artigos de luxo, em particular automóveis.
O sacerdote Arsénio Isidoro, presidente da Direção do organismo e de várias instituições privadas de solidariedade social, era já conhecido por apreciar carros topo de gama e chegou a ser visto a passear-se num Porsche Panamera, o que levantava grandes dúvidas sobre a origem do dinheiro.
Casa do Gaiato solidária com padre sob suspeita
Segundo soube o JN, não eram apenas carros de luxo que faziam as preferências do padre Arsénio. Na lista de aquisições aparecem também motos de alta cilindrada e viagens de turismo ao estrangeiro, segundo investigações já realizadas pela Judiciária.
Arguida foi também constituída uma responsável financeira da instituição, cujo papel está a ser avaliado pelas autoridades, se bem que haja suspeitas de que poderia dar cobertura aos desvios de dinheiro, que terão começado a partir de 2012, ou mesmo antes.
As investigações decorriam desde 2014, a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), num inquérito do Departamento de Investigação e Ação Penal do Ministério Público de Lisboa. E terá começado na sequência de denúncias chegadas à PJ. Quarta-feira, a UNCC realizou dez buscas na Casa do Gaiato e em mais cinco instituições particulares de solidariedade social de que o padre Arsénio Isidoro era também presidente. Várias residências foram alvo de buscas.
Foi apreendida muita documentação sobre os movimentos financeiros em causa na investigação, mas a UNCC tem já na sua posse os elementos associados à aquisição dos vários veículos de luxo, incluindo um Porsche Panamera, assim como vários documentos que comprovam os indícios do crime de peculato e gestão danosa.
A nomeação do suspeito para presidente da Casa do Gaiato de Lisboa foi feita pelo Patriarcado, mas quarta-feira à tarde o padre Arsénio Isidoro ainda se mantinha no cargo.