Três dos quatro homens que invadiram, na segunda-feira, a residência de José Sousa, na Quinta da Marquesa, Palmela, ter-se-ão reunido momentos antes no bar da Associação de Moradores para planear o assalto.
Foram vistos por frequentadores do bar, que fica a pouco mais de 100 metros da casa onde um deles acabou por ser morto a tiro. José Sousa, de 74 anos, está indiciado pelos crimes de homicídio privilegiado e detenção de arma proibida. Terça-feira à tarde, foi ouvido pelo juiz de instrução criminal do Tribunal de Setúbal, que o libertou, decretando como medida de coação a apresentação semanal no posto da GNR de Palmela.
Matou assaltante para proteger as netas e a mulher
Na Quinta da Marquesa, no dia seguinte ao assalto, poucas pessoas circulavam na rua, mas nos cafés este era o assunto principal. Manuel Queirós, morador naquele local há 40 anos, confessou ao JN que momentos antes do assalto, entre as 17 e as 18 horas, estava no bar da Associação de Moradores e viu os três homens de etnia cigana entrarem e agirem de forma suspeita. Por seu lado, Leandro Almeida, presidente da Associação de Moradores, refere que não deu pela presença do grupo no bar.
"Um deles entrou com uma pasta e sentou-se na mesa com os outros, onde começou a rabiscar num caderno, De vez em quando, olhava de forma bastante suspeita e alarmada em redor", recorda Manuel Queirós. "Por volta das 18 horas, saíram do bar e, momentos depois, deu-se o incidente na casa do José Sousa", acrescenta Manuel Queirós, que lamenta o sucedido, mas está solidário com o vizinho. "Ele fez o que todos nós faríamos, se víssemos ameaçada a vida das nossas famílias".
"Homem alegre"
José Sousa é tido na Quinta da Marquesa como um homem muito alegre, mesmo tendo em conta a sua a idade avançada. Leandro Almeida descreve-o como "o homem do papillon", que gostava muito de bailaricos, de festas e do carnaval. Sobre os assaltantes, Leandro frisa "não serem locais, uma vez que quando há assaltos na Quinta da Marquesa, sabe-se sempre quem são os autores".
Na passada segunda-feira, pouco depois das 18 horas, José Sousa viu irromper pela sua casa, onde se encontrava com a sua mulher e as duas netas menores, quatro homens, que os manietaram e agrediram, procurando ouro e dinheiro. Num momento em que se encontrava sozinho com um dos assaltantes, conseguiu alcançar a carabina e efetuar um disparo, que atingiu mortalmente um deles, um indivíduo de 30 anos. Os restantes fugiram e continuam a ser procurados pela Polícia Judiciária, que investiga o caso.