Cerca de 100 pessoas juntaram-se, quarta-feira à noite, na Praça da República em Viana do Castelo para uma festa simbólica de despedida de Cavaco Silva, à volta de uma mesa com bolo-rei e champanhe, e com um microfone aberto à crítica, à poesia e à ironia.
Jorge Teixeira, organizador principal da iniciativa, que trazia colado ao peito um autocolante com o rosto do ex-presidente e a palavra "Cava", mostrou-se animado apesar da fraca adesão. "Numa noite fria, numa cidade vazia, é simpático ver esta gente, que ainda será cerca de uma centena, e que hoje decidiu sair de casa para fazer esta festa", disse, explicando que apesar de Cavaco ter "saído pelo seu próprio pé" há motivos para festejar.
"Isto não é uma vitória nossa, mas comemoramos, porque nos vimos livres de um homem, que é de facto muito serôdio e que, apesar de ser da democracia, nos faz lembrar, no estilo e na personalidade, gente do passado que queríamos esquecer", disse Jorge Teixeira.
Junto ao chafariz da praça principal de cidade, algumas pessoas quiseram despedir-se, falando ao microfone. Houve quem fizesse rir a audiência ao lembrar célebres frases do ex-Presidente da Republica: "Reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante" ou "Nunca me engano e raramente tenho dúvidas".
Um ator de teatro leu um manifesto anti-Cavaco: (...) abaixo a geração laranja, porra p"ró Cavaco, porra, Pim! Uma geração com uma Cavaco Silva a cavalo é um burro algarvio incompetente (...)".
Houve ainda quem lêsse um texto intitulado "Cavacos", que terminava dizendo: "(...) O Zeca via em cada esquina um amigo, felizmente foi-se embora antes de ver no que este país se transformou: Em cada esquina há uma Cavaco".
E alguém, que considera Marcelo Rebelo de Sousa "um Cavaco a cores", escreveu versos propositadamente para a noite de quarta-feira: "Hoje a 9 de março, a alegria nem disfarço e comigo ninguém teime. Vinte anos de má política, fica a minha dura crítica ao Silva de Boliqueime".