É o primeiro dia do resto da vida em comum entre Marcelo Rebelo de Sousa, que esta quarta-feira toma posse como presidente da República - num dia que se estenderá por três, e acabará no Porto -, e António Costa, primeiro-ministro há menos de meio ano.
Um chefe de Estado que diz estar posicionado na "esquerda da direita" e um chefe de governo suportado por uma maioria parlamentar da "esquerda mais à esquerda" serão boas premissas para o que comummente se designa por cooperação institucional?
Não é uma questão de função, mas de feitio, assegura ao JN o deputado socialista José Magalhães. "A receita é infantilmente simples: democracia às pazadas". Ou seja, acrescenta, "acabar com a ideia primária de que ter ideias diferentes significa ser intolerante".
Para o socialista, amigo de longa data de António Costa, o futuro entre Belém e São Bento não poderia afigurar-se mais claro: "Marcelo e Costa coincidem nos feitios e na vontade de se unirem contra a ameaça externa que enfrentamos. Os primeiros sinais que já deram mostram que depois de um longo período de compressão vamos assistir a um agradável processo de descrispação".
Luís Marques Mendes, próximo de Marcelo, e seu futuro conselheiro de Estado - função em que é repetente, uma vez que Cavaco Silva também o escolhera - corrobora quase tudo, menos a ideia subjacente do "para sempre".
"Costa e Marcelo conhecem-se muito bem, há muitos anos. Um foi aluno do outro e, depois, cruzaram-se muitas vezes, sempre em campos opostos, mas em situações das quais a relação foi saindo reforçada, estreitando-se", afirma o antigo líder do PSD, convencido de que "pelo menos até às autárquicas de 2017 não haverá problemas". E se, depois disso, houver uma crise política, "nunca será por iniciativa de Marcelo, que "tentará sempre evitar ser um obstáculo à estabilidade da governação".
Costa recorda episódio de Marcelo