O gestor e antigo governante Nuno Ribeiro da Silva acredita que alargar e automatizar o acesso ao desconto na luz é um sinal errado e que o custo chegará aos clientes. Diz que o discurso dos partidos que apoiam o governo é de "enorme agressividade para as empresas" e admite estar a repensar investimentos em Portugal
O governo anunciou que vai reforçar a tarifa social de eletricidade de modo a chegar a um milhão de famílias. A ideia é que sejam os produtores a pagar. Como vê esta medida?
Há uma certa bipolaridade nos governos em relação à energia. Por um lado, soa bem e por isso diz-se que as famílias, a indústria e a atividade produtiva pagam a energia cara. Mas depois vamos ver e quem mais contribui para a energia ser cara é o governo: na fatura elétrica, 60% do que pagamos são impostos, taxas e similares. Toda a gente precisa de energia. Mas a proposta do Bloco de Esquerda não é clara. Não se percebe bem se o alargamento é a um milhão de famílias ou se são as 500 mil já definidas pelo anterior governo, em que se considera uma média de duas pessoas por família.