Um incêndio de grandes proporções destruiu uma antiga fábrica do complexo do Cachão, em Mirandela. O edifício servia agora de armazém a uma empresa de gestão de resíduos e no interior estavam várias toneladas de fardos de plástico para reciclar.
O alerta foi dado por volta das 18.30 horas de domingo e para o local seguiram de imediato cerca de uma centena de bombeiros de várias corporações dos distritos de Bragança, com o apoio de 35 veículos. Pelas 23.50 horas o incêndio foi dado como dominado, ou seja, ficou afastado o perigo de propagação das chamas, que ainda lavravam com intensidade.
"A principal preocupação dos operacionais é impedir a propagação do fogo a outros edifícios contíguos, mas ainda temos muitas horas pela frente porque estamos a falar de material muito inflamável", admitia Noel Afonso, comandante do Centro de Operações de Socorro do distrito de Bragança, durante as operações.
Alguns habitantes do Cachão não continham a revolta, alegando que há muito tempo vinham alertando para os perigos do armazenamento deste tipo de resíduos naquele complexo. "Isto é uma vergonha, já há dois anos e meio aconteceu outro incêndio num armazém da mesma empresa e nada fizeram", referiu Pedro Fonseca, habitante do Cachão.
"É triste ter de acontecer esta situação para se confirmar que os políticos não dão ouvidos às populações", disse Pedro Fonseca. "A população está sempre com o coração nas mãos", acrescentava Teresa Teixeira, funcionária de um laboratório naquele complexo, que tem como acionistas os municípios de Mirandela e de Vila Flor, que formaram a Agro-industrial do Nordeste (AIN).
O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, argumenta que se trata de um loteamento industrial privado e que a administração da AIN "já tem vindo a notificar a empresa para a retirada deste tipo de resíduos".
O autarca não percebe "como é que este material veio parar aqui", uma vez que "existe um sistema regulado para materiais reciclados no país", e lança suspeitas sobre a origem do incêndio. "Se estivéssemos em agosto, com tempo quente... mas estamos numa das alturas mais frias do ano e, para haver uma autoignição com este material, teria de haver algum calor", concluiu.