Um recluso confessou em tribunal que matou o companheiro de cela no Estabelecimento Prisional de Lisboa, em março de 2015, mas afirmou tratar-se de um ato provocado por vozes que disse ouvir.
"Sou responsável pelo que aconteceu, mas foi uma coisa momentânea. Não estava bem psicologicamente. Não sei o que me deu naquela altura, estava descompensado, ouvia vozes e não sabia lidar com o meu problema. Sofro de esquizofrenia", disse o arguido na primeira sessão do julgamento que arrancou na tarde de hoje no Campus da Justiça, em Lisboa.
O arguido, atualmente com 33 anos, estava, à data dos factos, preso preventivamente por suspeita de ter matado à facada um cozinheiro, seu colega de trabalho, num hotel de luxo em Lisboa, em novembro de 2014.
A vítima do caso hoje em tribunal tinha 28 anos e nacionalidade espanhola e encontrava-se em prisão preventiva por tráfico de droga.
Questionado pelo coletivo de juízes, o arguido descreveu a sua versão dos factos.
"Estávamos sentados na cama, a fumarmos um charro [haxixe] e comecei a ouvir vozes a dizer que ele ia fazer-me mal, matar-me, tirar-me a vida, e para eu não dormir de noite. Senti-me ameaçado e defendi-me, pois ele tinha as mãos no casaco e pensei que tivesse alguma coisa nos bolsos, ataquei-o e fiz-lhe uma gravata [ao pescoço]", relatou.
Contudo, os relatórios periciais - psicológicos e psiquiátricos - demonstram que o arguido é imputável e que tinha consciência dos seus atos à data dos factos.