O deputado e porta-voz do PS João Galamba classificou de "enorme descaramento" as declarações do ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que, em entrevista ao JN, disse que até ter saído do Governo "o Banif estava a dar lucro".
"É preciso um enorme descaramento para alguém que injetou 1000 milhões de euros em 2013 num banco que as autoridades europeias diziam que estava falido e que, durante quase três anos, empurrou o problema com a barriga, vir agora dizer que o banco estava a dar lucro", reagiu o deputado do PS ao JN, acusando o líder do PSD de ter feito "uma gestão política e eleitoral do problema do Banif, o que obviamente aumentou os encargos para os contribuintes". Na entrevista, Pedro Passos Coelho descarta qualquer responsabilidade no desfecho que o banco teve e nos custos para os contribuintes, insistindo que é António Costa que tem que dar explicações.
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Portugal não precisava deste aumento de impostos
João Galamba lembra que, quando o primeiro-ministro António Costa comunicou a decisão da resolução, no final do ano - o que obrigou o Estado a injetar 2,2 mil milhões de euros no banco -, Pedro Passos Coelho admitiu que "não teria feito uma opção muito diferente". E condena que "agora venha sugerir que os problemas do Banif começaram com este Governo, porque com ele o banco até estava a dar lucro".
O porta-voz do PS insurge-se também contra a afirmação de Passos Coelho de que o Governo teve de "aumentar impostos" para andar mais depressa na devolução de rendimentos este ano. "Não há nenhum aumento de impostos na proposta de Orçamento de Estado", insiste, garantindo que "os impostos em 2016 baixam 0,2% face ao valor do PIB em 2015 e 0,4% face ao que PSD e CDS se tinham comprometido em Bruxelas com o Programa de Estabilidade".
Galamba diz que o ajustamento exigido ao Governo português por Bruxelas deve-se ao facto de não se ter reduzido o défice estrutural e lembra que PSD e CDS tinham previsto um corte de 600 milhões de euros nas pensões. "Se não é um corte de 600 milhões, então só pode ser um aumento de impostos no valor de 600 milhões", diz, considerando que isso "torna a carga fiscal ainda menor do que seria se PSD e CDS estivessem no Governo". "Seja qual for a comparação, a carga fiscal baixa".
O deputado do PS insiste que "este Orçamento de Estado reduz a austeridade, não aumenta" e insiste que devolver os salários da Função Pública este ano é acabar com uma inconstitucionalidade. "Não devolver os salários seria manter uma inconstitucionalidade. Não é uma questão de pressa", disse, lembrando que há outras medidas que aumentam o rendimento das famílias como o descongelamento de pensões, o aumento do Rendimento Social de Inserção (RSI), a reposição do Complemento Solidário para Idosos (CSI) e os abonos de família, num total de 200 milhões de euros.