As histórias de violência no namoro que chegaram ao Instituto de Medicina Legal aumentaram 44% no ano passado, atingindo os 699 casos, segundo um estudo nacional que revela que há vítimas de apenas 14 anos.
Estes são alguns dos números do estudo realizado por César Santos, representante da Comissão Nacional de Prevenção de Violência Doméstica do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF).
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No ano passado, os técnicos do INMLCF analisaram 23752 casos de violência, menos 6,6% do que no ano anterior. No entanto, dentro deste universo, a violência entre namorados ou ex-namorados registou um aumento de 44,4%, ao passar de 484 para 699 pessoas que, depois de uma queixa às autoridades, foram submetidas a perícias médicas para comprovar as agressões.
Por detrás de cada um destes números está uma história dramática de alguém que ganhou coragem, quebrou o silêncio e admitiu ser vítima do namorado ou ex-namorado. Na maior parte dos casos, os agressores são homens e as vítimas são mulheres (87%).
"É preciso algum grau de consciência e de decisão interior para uma vítima de uma relação que deveria ser de amor, paixão e romantismo tomar uma decisão de ir a uma esquadra apresentar queixa contra o namorado ou ex-namorado", sublinhou o vice-presidente do INMLCF, João Pinheiro, em declarações à Lusa.
Segundo o estudo, há mais casos envolvendo ex-relacionamentos (52,9%) do que namoros atuais (47,1%).
Mas nem todas as vítimas fazem queixa e, por isso, os números agora divulgados "não representam o fenómeno da violência no namoro na sua globalidade, mas sim o que chega até ao Instituto de Medicina Legal", contou à Lusa.