PT e Vodafone assinam acordo de partilha de fibra óptica
Acordo abrange acesso a cerca de 900 mil casas por parte das duas operadoras.
A Portugal Telecom (PT) e a Vodafone estabeleceram um acordo para a partilha da rede de fibra óptica, que “abrange a partilha de fibra óptica escura em cerca de 900 mil casas, em que cada uma das entidades partilha com a outra aproximadamente 450 mil casas”, num contrato de aquisição de direitos de uso a 25 anos, segundo o comunicado divulgado pela PT esta manhã na CMVM.
“A partilha da rede permite ao MEO aceder a mais 450 mil casas com a tecnologia de fibra, aumentando assim o potencial de penetração dos seus produtos e serviços nos vários segmentos de mercado, nomeadamente consumo e empresas”, segundo o documento. Também a Vodafone terá acesso às 450 mil casas com fibra da PT, podendo cada uma das empresas fornecer depois os seus serviços sobre a infraestrutura.
O acesso à rede de fibra óptica sempre foi uma das reivindicações da Vodafone, que defendia que a infraestrutura devia ser aberta e partilhada. Zeinal Bava, presidente da PT Portugal, afirmou por diversas vezes, contudo, que a infraestrutura era da PT e que esse investimento não seria aberto à concorrência. Uma posição que poderia ser revista caso a Anacom reformulasse o modelo regulatório para o mercado 4 e 5, que obriga à abertura da rede de fibra – uma decisão que ainda não está tomada, embora o modelo regulatório seja já mais estável.
As alterações no mercado, nomeadamente a fusão entre Zon e Optimus dando origem à NOS, terão levado a uma mudança na visão da PT. Além disso, a própria Vodafone está a avançar com investimentos na rede de fibra óptica, com a pretensão de chegar a 1,5 milhões de lares em 2015. O investimento previsto é de 500 milhões de euros até 2016, a maior parte precisamente na rede de fibra, que chegava a 800 mil lares no final de Maio.
Ou seja, o investimento da Vodafone permite uma relação de reciprocidade na partilha da infraestrutura com a PT, o que poderá ter alterado a posição da dona do Meo face ao acesso à infraestrutura. A Vodafone, aliás, já tinha celebrado um acordo de partilha de investimentos com a Optimus e tem agora a opção de ficar com a infraestrutura de fibra da operadora que se fundiu com a Zon, no âmbito dos remédios impostos pela Autoridade da Concorrência.
“Dado o modelo de permuta de capacidade e partilha adoptado, ambas as entidades manterão total autonomia e flexibilidade no desenho das suas ofertas de retalho”, ou seja, os operadores disponibilizarão sobre a rede a sua oferta comercial, competindo da mesma forma pelos clientes.
A infraestrutura de fibra óptica da PT chegava já a 1,6 milhões de lares e agora estará acessível a 2,1 milhões de lares. A Vodafone tem cablados 800 mil casas e quer chegar a 1,5 milhões. Já a NOS também fez saber que previa um reforço na cobertura da sua infraestrutura em cerca de 400 mil lares.