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Autor Tópico: Cuidado "Nova pirâmide"  (Lida 814 vezes)

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Offline sotam

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Cuidado "Nova pirâmide"
« em: 13 de Janeiro de 2014, 19:12 »
Nova pirâmide seduz milhares
Esquema para ganhar dinheiro fácil chegou a Portugal: basta pôr anúncios na internet e vender pacotes de comunicações, recebendo comissões. A promotora, a americana TelexFree, está sob investigação noutros países.
Oanúncio é tentador: “Ganhe, no mínimo, de 20 a 100 dólares por semana, sem ter que convidar ninguém, sem ter que vender nada e no conforto do seu lar”. É assim que a americana TelexFree promove o seu negócio, cujos aderentes têm apenas de copiar e colar anúncios na internet, a troco de uma remuneração mínima garantida. Depois, ganham comissões pelos aderentes que recrutarem.
Na Madeira, onde o esquema começou há alguns meses e em força, há já milhares de pessoas convertidas ao negócio – incluindo funcionários públicos, professores, políticos, advogados, militares e polícias. Uns aproveitam para compor o ordenado, mas outros já fazem disto a sua actividade principal e ganham milhares de euros por mês.
Os aderentes da TelexFree denominam-se “divulgadores” e, muitos deles, os chamados “team builder”, andam numa roda-viva de reuniões em cafés, hotéis e conferências via Facebook, recrutando amigos e conhecidos para investirem. A 20 de Agosto último, um desses team builders ‘postou’ com satisfação na sua página na internet que a Madeira havia chegado a mais de 100 mil contas TelexFree.
Numa altura de desespero económico, é relativamente fácil convencer as pessoas a investir algum dinheiro, aliciados por um negócio com ganhos atractivos. O negócio funciona na internet, com a promessa de lucros mínimos garantidos de 100 dólares por semana (400/mês). Há a venda de um produto de comunicações na internet – um serviço de Voz sobre IP (VoIP) –, mas o negócio gira à volta de novos recrutamentos. Sem declarar impostos ou descontos para a Segurança Social.
Tudo começa com um investimento inicial. Os candidatos entram com cerca de 1.400 dólares (1.045 euros) para ganharem acesso a uma página pessoal com nickname e códigos pessoais. Nessa página, têm acesso a uma lista de anúncios. Para receberem os tais 400 dólares por mês, os ‘divulgadores’ são obrigados a colocar cerca de 150 anúncios (cinco ‘postados’ por dia, obrigatoriamente, sob pena de perder o rendimento) em sites de classificados gratuitos. Se angariarem aderentes, recebem 100 dólares por cabeça e 2% do valor gerado por estes novos ‘divulgadores’.
O negócio prolifera na Madeira mas já chegou aos Açores, São João da Madeira, Braga, Lisboa, Santarém e outras regiões do país. Os ‘divulgadores’ apressam-se a negar que se trate de um negócio em pirâmide, cuja ‘bolha’ irá rebentar quando não houver mais divulgadores a recrutar.
E não é só a TelexFree que está no mercado. Também o estão empresas como a Emgoldex, LibertàGià, GPG e TelexMax (subsidiária norte-americana da TelexFree). Mas o que ganham estas autodenominadas empresas de “marketing multinível”? Com a ‘postagem’ de anúncios, dizem que ganham tráfego de IPs, e, no caso da TelexFree, esta ganha a entrada inicial, mais 20% sobre os lucros obtidos no ano pelos divulgadores e ainda ganha pela renovação anual do investimento inicial.
A maioria dos aderentes relativiza o facto de a TelexFree ter as suas contas bloqueadas no Brasil e de estar a ser alvo de uma investigação da Justiça deste país. Outros países latinos, como a República Dominicana e o Peru, desconfiam do negócio.
No Brasil, a TelexFree foi acusada de ser a maior pirâmide financeira. Este tipo de negócio acontece quando uma empresa e os seus vendedores se sustentam não pela venda de um serviço ou produto, mas pelas taxas pagas por quem adere à rede de vendas. Mas a TelexFree tem negado todas as acusações e assegura que o seu negócio são os pacotes de comunicações VoIP)
DECO e PJ aconselham prudência
Contactado pelo SOL, o coordenador do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária do Funchal, Eduardo Nunes, informou que, até agora, não há nenhuma queixa ou investigação por causa de esquemas em pirâmide. Os eventuais casos de burla só costumam surgir quando a empresa ou os ‘divulgadores’ do topo da pirâmide começam a não fazer o pagamento dos montantes investidos.
Eduardo Nunes explica que este tipo de empresas funcionam na fronteira entre o lícito e o ilícito. O facto de ter sede no estrangeiro não inibe a Justiça de investigar. Deixa um conselho, porém, que se sintetiza no adágio popular “quando a oferta é muita, o pobre desconfia”.
No continente, nem a PJ nem os Departamentos de Investigação e Acção Penal de Lisboa e do Porto receberam qualquer queixa, segundo fonte da Procuradoria-Geral da República.
Também a jurista da DECO (associação de defesa do consumidor) Ana Sofia Ferreira aconselha prudência e lembra que os negócios em pirâmide são proibidos. A DECO não tem nenhuma reclamação recente sobre este tipo de negócio, que já teve maior expressão no passado com as vendas em cadeia (tipo ‘bolha’), que acabaram por ruir. Ana Sofia Ferreira aconselha os consumidores a informarem-se bem sobre o tipo de negócio em presença e, caso haja responsabilidade criminal, a queixarem-se às autoridades.
O que é a pirâmide
Os esquemas em pirâmide ou esquemas Ponzi são operações financeiras fraudulentas que prometem um retorno elevado ou superior ao que o mercado pode oferecer. Os utilizadores mais antigos na pirâmide recebem parte do dinheiro dos novos utilizadores. Por essa razão, enquanto o número de aderentes for grande, os utilizadores mais antigos continuam a receber, até ao momento em que a pirâmide já possui bastantes níveis, rebenta e ninguém mais recebe dinheiro.
Em Portugal, o diploma de 2008 que proíbe as práticas comerciais desleais estipula que “são consideradas enganosas, em qualquer circunstância, criar, explorar ou promover um sistema de promoção em pirâmide, em que o consumidor dá a sua própria contribuição em troca da possibilidade de receber uma contrapartida que decorra essencialmente da entrada de outros consumidores no sistema”.
Dos EUA ao Brasil
Fundada em 2002 no estado americano de Massachusetts, onde é detida pelo brasileiro Carlos Wanzeler e pelo americano James Merrill, a TelexFree chegou formalmente ao Brasil em 2010, quando os sócios da empresa americana abriram a Ympactus Comercial em Vitória, juntamente com Carlos Costa.
Depois de atrair, no Brasil, cerca de um milhão de pessoas – que pagaram de 289 a 1.375 dólares em taxas de adesão, com a promessa de lucrar na revenda de pacotes VoIP e colocação de anúncios na internet –, a Ympactus’ teve as suas contas e actividades bloqueadas em Junho, sob suspeita de ser uma pirâmide financeira.
Os representantes da TelexFree negam irregularidades e afirmam que a facturação da empresa advém da venda de pacotes VoIP por meio de marketing multinível. No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações chegou a dizer, porém, que o VoIP da TelexFree é clandestino.
MUITO SE ENGANA QUEM JULGA.