O ex-presidente norte-americano e putativo candidato republicano às eleições de 2024, Donald Trump, anunciou que vai recorrer da condenação ao pagamento de uma indemnização de 4,5 milhões de euros por abuso sexual contra a escritora e cronista Elizabeth Jean Carrol, dizendo-se vítima da "continuação da maior caça às bruxas de sempre".
"Nem sequer sei quem é esta mulher, não a conheço absolutamente nada, é outra fraude, uma caça às bruxas política", declarou Trump, num controverso programa de televisão da cadeia norte-americana CNN, com plateia no estúdio a aplaudir o dirigente da ultradireita republicana, a reagir com gargalhadas a algumas respostas e a moderadora, Kailtan Collins, a ser tratada como "pessoa desagradável".
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"Por que é que a CNN organizou um comício de Trump?", questionou, no Twitter, o democrata Daniel Goldman, eleito na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, juntando-se ao coro de políticos e comentadores que comentou a decisão da estação de televisão - alvo de frequentes ataques no mandato do ex-presidente, acusando-a de difundir "notícias falsas" - de realizar o programa.
Perante os aplausos e gargalhadas que brindaram a forma como Trump tratou a moderadora e a referência a Elizabeth Jean Carrol como "louca", não faltaram críticas severas à "decisão profundamente irresponsável" da CNN, nas palavras da congressista Alexandria Ocasio-Cortez.
O programa "colocou uma vítima de agressão sexual em risco e foi vergonhoso", acentuou Ocasio-Cortez, uma popular eleita na Câmara dos Representantes, de ascendência porto-riquenha e integrando a ala do Partido Democrata tida como "progressista" , que foi ameaçada de morte e perseguida por ultradireitistas que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Recorde-se que o tribunal deu como provado que, em 1996, Trump abordou e violou, numa cabina de provas de uma loja de roupa interior em Nova Iorque, a escritora e cronista Elizabeth Jean Carrol, então com 51 anos, tendo condenado o multimilionário a uma multa de 4,5 milhões de euros pela agressão e pelo crime de difamação. A autora disse ter recorrido à justiça "para limpar o nome e recuperar a vida".
Invasão do Capitólio: "um dia lindo e incrível"
No programa, Trump respondeu a questões sobre outros temas, incluindo sobre o assalto ao Capitólio, em cujo processo está implicado.
O dia 6 de janeiro de 2021 foi "um dia lindo e incrível", não hesitou em dizer: "Foi a maior multidão a que falei. Eles estavam orgulhosos e tinham amor no seu coração".
Se fosse eleito, teria indultado muitos deles, disse.