O 25 de Abril começou por ser um golpe militar, que acabaria por dar origem a uma revolução popular. Foi um tempo marcado por figuras carismáticas, militares e civis, que dominaram a vida política nas décadas seguintes. Mas aquele que ficou no coração dos portugueses foi também um dos mais discretos: Salgueiro Maia.
O capitão de Abril que comandou a coluna de Cavalaria que, desde Santarém, partiu para Lisboa, tomando os ministérios e o quartel da GNR no Carmo, culminando na rendição de Marcelo Caetano, é o escolhido por 40% dos inquiridos de uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF como a personalidade que mais associam ao 25 de Abril, deixando a grande distância figuras como Otelo Saraiva de Carvalho (12%), Ramalho Eanes, Francisco Sá Carneiro ou Mário Soares (todos com 11%).
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É conhecido o perfil desinteressado de Salgueiro Maia. Ao ponto de Sophia de Mello Breyner Andresen lhe ter dedicado um poema, já depois da morte prematura do capitão de Abril: "Aquele que na hora da vitória respeitou o vencido; Aquele que deu tudo e não pediu a paga; Aquele que na hora da ganância perdeu o apetite". E talvez estas características (e o poema) tenham contribuído para se tornar uma figura relativamente consensual.
Salgueiro Maia só não vence entre os segmentos de voto comunista (optam por Álvaro Cunhal, que não estava em Portugal) e do CDS (que preferem Spínola, o general que Marcelo Caetano mandou chamar ao quartel do Carmo, para não sofrer a humilhação de se render perante um capitão). Mas tem uma percentagem acima da média entre os eleitorados dos dois maiores partidos, PSD e PS (foi escolhido por 46%, em ambos os casos).