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Autor Tópico: Guterres pede respeito pela soberania perante Lavrov  (Lida 163 vezes)

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Guterres pede respeito pela soberania perante Lavrov
« em: 24 de Abril de 2023, 20:18 »

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu respeito pela soberania e integridade territorial e criticou duramente a invasão da Ucrânia pela Rússia, numa reunião do Conselho de Segurança presidida pelo ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov.

Na reunião convocada pela Rússia para debater o "multilateralismo efetivo", Guterres sentou-se ao lado de Lavrov e criticou abertamente a invasão da Ucrânia por Moscovo, classificando-a de "violação da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e do direito internacional", que está a causar enorme sofrimento e devastação ao país e ao seu povo, além de abalar fortemente a economia mundial.

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O ex-primeiro-ministro português reforçou que a cooperação multilateral é o "coração pulsante das Nações Unidas", assim como a "sua razão de ser e a sua visão orientadora".


De acordo com Guterres, o sistema multilateral manteve-se unido e obteve "alguns sucessos notáveis" nos últimos 78 anos, com as ferramentas e mecanismos estabelecidos pela Carta da ONU a desempenharam o seu papel "na prevenção de uma terceira guerra mundial".

As tensões entre as grandes potências estão em máximos históricos


Contudo, a situação atual "é mais perigosa", observou o líder das Nações Unidas, frisando que o mundo enfrenta crises sem precedentes e interligadas, colocando o sistema multilateral sob a maior pressão desde que a ONU foi criada.

"As tensões entre as grandes potências estão em máximos históricos. Assim como os riscos de conflito, por infortúnio ou erro de cálculo", disse Guterres, apontado alguns dos conflitos mais desafiadores da atualidade, desde a Ucrânia até ao Sahel.


"Precisamos de fazer melhor, ir mais longe e trabalhar mais rápido. Isso deve começar por os países reafirmarem as suas obrigações ao abrigo da Carta das Nações Unidas, colocando os direitos humanos e a dignidade em primeiro lugar e dando prioridade à prevenção de conflitos e crises", apelou.

Guterres dirigiu ainda o foco para os membros do Conselho de Segurança, particularmente aqueles que gozam do privilégio de servir permanentemente - Rússia, China, Estados Unidos, França e Reino Unido - e que "têm uma responsabilidade particular de fazer o multilateralismo funcionar, ao invés de contribuir para o seu desmembramento".


Lavrov ataca "minoria ocidental"

Logo após o secretário-geral terminar a sua declaração, foi a vez de Lavrov, cujo país invadiu a Ucrânia em fevereiro do ano passado, fazer duros ataques à "minoria ocidental", principalmente aos Estados Unidos e seus aliados, que acusou de terem colocado o mundo numa conjuntura extremamente perigosa.

"Como aconteceu durante a Guerra Fria, chegamos a um limiar perigoso, talvez ainda mais perigoso", disse Lavrov, que acusou as potências ocidentais de "destruírem os benefícios da globalização" com uma "agressão económica" e de tentarem impor as suas políticas ao resto do mundo, através da força.

"Ninguém deu permissão à minoria ocidental para falar em nome de toda a humanidade", insistiu o chefe da diplomacia russa, que presidiu a esta reunião do Conselho de Segurança, no mês em que a Rússia assume a presidência rotativa do órgão.

De acordo com Lavrov, o sistema das Nações Unidas está a passar por uma crise profunda, devido ao "desejo de alguns membros de substituir o direito internacional e a Carta das Nações Unidas por uma certa ordem baseada em regras que não foram objeto de negociações internacionais transparentes".

Desde a invasão da Ucrânia, a Rússia foi instada em resoluções da Assembleia Geral da ONU, aprovadas por largas maiorias e sem caráter vinculativo, a retirar as suas tropas do país vizinho.

Num discurso que se estendeu por mais de 20 minutos, Lavrov reiterou as mensagens habituais de Moscovo sobre a situação na Ucrânia, mas procurou sobretudo criticar o que identificou como tentativas do Ocidente de controlar o mundo e travar o "estabelecimento de novos centros de desenvolvimento independentes" na América Latina, Ásia e outras regiões.

UE acusa Rússia de cinismo

A União Europeia (UE) acusou a Rússia de cinismo por convocar uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o multilateralismo, considerando que Moscovo violou a Carta da organização com a invasão da Ucrânia.

"Ao organizar este debate, a Rússia está a tentar apresentar-se como defensora da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e do multilateralismo. Nada pode estar mais longe da verdade. É cínico. Todos nós sabemos que enquanto a Rússia está a destruir, nós estamos a construir. Enquanto eles violam, nós protegemos", disseram os 27 Estados-Membros da UE em comunicado.
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