As provas de aferição começam daqui a um mês e este ano serão obrigatoriamente realizadas em suporte digital por todos os alunos que vão a exame, incluindo os do 2º ano.
Para o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) é fundamental os alunos trabalharem em computadores, em contexto de sala de aula, para que estejam preparados no momento das provas. Há escolas que estão a realizar o "dia digital" como preparação, mas pais e diretores escolares dizem ser um exagero envolver os alunos do 2º ano.
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"Há um trabalho que tem que ser feito nas escolas, pelos professores. Não queremos que os alunos cheguem a uma prova de avaliação ou de aferição em suporte digital, sem nunca terem utilizado o computador em sala de aula", afirmou Luís Santos, presidente do IAVE, ontem, numa sessão de esclarecimento a encarregados de educação. Acrescentou ser "fundamental que os alunos trabalhem todas as dinâmicas para que depois cheguem às provas de aferição e consigam responder e demonstrar o que sabem".
As provas começam já no próximo mês e, apesar do IAVE entender que é "fundamental" o uso dos computadores nas aulas, nem todas as escolas estão preparadas. "Há umas que estão mais à frente do que outras. Há escolas que têm feito o dia digital e há turmas que já recorrem aos manuais digitais", garante Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
As provas irão realizar-se entre 2 de maio e 20 de junho. Os alunos do 2º ano serão os primeiros a fazer provas. Segundo o IAVE muitas são as questões apresentadas pelos pais dos mais pequenos que "se têm mostrado preocupados em relação à escrita no teclado e na forma como estes lidam com o computador". Os diretores das escolas estão de acordo e garantem que é "um exagero que as provas no 2º ano sejam em formato digital". "Vai contra as normas de boa caligrafia", garante Filinto Lima, explicando que implica uma boa avaliação nesta área, que é importante nesta fase de ensino. "Acho que se quer entrar a todo o gás, não sou contra as provas com recurso ao digital mas acho exagerado para estes alunos", sublinha o presidente da ANDAEP.
Maior fiabilidade
O IAVE referiu ainda que a qualidade das respostas do projeto piloto, que decorreu o ano passado, "não diferem muito da qualidade das respostas dos alunos que realizaram as provas em formato de papel".
Uma das vantagens que este novo modelo traz, segundo o IAVE, é "permitir uma maior fiabilidade na aplicação dos critérios de classificação por parte dos professores", o que irá "contribuir para uma maior equidade entre os alunos". E diminuirá o tempo de produzir relatórios, ou seja, irá contribuir para que a devolução de resultados às escolas, professores, alunos e encarregados de educação seja mais "célere".
O processo organizativo nas escolas tem sido um dos principais desafios nesta transição. "Temos de contar com as escolas e com as entidades do Ministério da Educação para que os alunos, à data das provas, tenham à sua frente um computador", sublinha o IAVE. Este ano as provas irão ser divididas em dois turnos para que "não existam constrangimentos". As provas de matemática em formato digital também têm sido um grande desafio para o IAVE, que garante "já ter um grupo de trabalho a estudar esta problemática".