As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paollini estão presas há mais de um mês em Frankfurt, na Alemanha, por suspeitas de tráfico de droga. Desde o início que alegam inocência e agora há um vídeo que prova que as etiquetas das malas foram trocadas no aeroporto, mas a Justiça alemã ainda não as soltou.
O sonho de viajar 20 dias pela Europa de Kátyna Baía, personal trainer, e Jeanne Paollini, veterinária, caiu por terra assim que pisaram solo europeu. Vindas de Goiânia, no Brasil, a dupla fez escala no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e continuaria a viagem de Frankfurt até ao destino final, Berlim. Mas nunca lá chegaram, porque durante a escala foram detidas por suspeitas de tráfico internacional de droga. Estão presas desde o dia 5 de março.
As malas etiquetadas com os nomes delas tinham na verdade cocaína e não roupa, mas desde o início do processo que o casal alegou inocência e disse sempre que aquelas malas não lhes pertencia. A Polícia Federal começou a investigar o caso e percebeu que a dupla estava a dizer a verdade. As imagens das câmaras de segurança do aeroporto de Guarulhos, partilhadas pela comunicação social brasileira, mostram um funcionário a mexer nas malas de Kátyna e Jeanne após elas terem sido despachadas para o porão, já dentro da área de acesso restrito.
"A Polícia Federal conseguiu comprovar que aquelas passageiras são inocentes. Indicando quem seriam realmente os culpados do crime ocorrido", afirmou Bruno Gama, delegado da Polícia Federal, citado pelo G1. Segundo as autoridades, as etiquetas com os nomes das duas mulheres foram retiradas e colocadas em malas que continham 40 quilos de cocaína, antes de serem enviadas para o avião.
Na semana passada, a polícia prendeu seis pessoas envolvidas no esquema de tráfico de droga no aeroporto de Guarulhos e responsáveis pela troca das etiquetas das malas da personal trainer e da veterinária. A concessionária que administra o aeroporto já veio dizer que o manuseio das bagagens é responsabilidade das empresas aéreas. Apesar de ser controlada por câmaras de videovigilância, a área de segurança é uma das zonas onde os gangues de tráfico de drogas mais atuam.
"A Polícia Federal está a transmitir todo o conteúdo probatório da investigação para as autoridades na Alemanha", disse a superintendente da Polícia Federal em Goiá, Marcela Rodrigues. Mas a Justiça alemã quer que as provas cheguem pelo governo brasileiro. Segundo o G1, as autoridades alemãs admitem que há fortes indícios de que as mulheres sejam mesmo inocentes, mas querem ter acesso a todos os vídeos obtidos pela Polícia Federal e ao inquérito completo, com a prisão dos suspeitos, antes de as soltar. Kátyna e Jeanne estão presas há mais de um mês numa prisão em Frankfurt.
"Em favor das brasileiras presas há uma série de evidências que levam a crer, de fato, que não há envolvimento delas com o transporte da droga, pois não correspondem ao padrão usual das chamadas 'mulas do tráfico'", destacou a polícia.
"Pesadelo" sem fim
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A família do casal está a acompanhar o caso à distância. Lorena Baía, irmã de Kátyna disse à DW que, ao serem presas, as duas ficaram sem os bens pessoas e chegaram mesmo a passar frio.
"São duas mulheres trabalhadoras, extremamente estudiosas e viajantes frequentes", relatou Lorena. "É algo que nunca imaginámos que vai acontecer. É um pesadelo mesmo", acrescentou. Lorena diz que pode falar com a irmã duas vezes ao telefone, de quem também recebeu duas cartas, entregues pela Embaixada do Brasil.
A família espera que sejam libertadas esta semana, com a partilha das investigações entre as autoridades brasileiras e alemãs.
Kátyna Baía e Jeanne Paollini estão casadas há 12 anos.