Um estudo levado a cabo por arqueólogos, entre os quais dois portugueses, na gruta da Figueira Brava, na serra da Arrábida, encontrou indícios da dieta dos nossos antepassados há 90 mil anos. E há revelações surpreendentes.
Uma investigação na Gruta da Figueira Brava, na serra da Arrábida, em Sesimbra, encontrou novas provas sobre a dieta dos neandertais: assavam caranguejos de grandes dimensões, como sapateiras, para comer. O estudo, assinado pelos arqueólogos Mariana Nabais, do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social, Catherine Dupont, da universidade francesa de Rennes, e João Zilhão, do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, foi publicado recentemente pela revista "Frontiers in Environmental Archaeology".
No artigo "A exploração de caranguejos pelos últimos neandertais ibéricos interglaciais: as evidências da Gruta da Figueira Brava (Portugal)", publicado em fevereiro na "Frontiers in Environmental Archaeology", os investigadores revelam que, a par com ferramentas de pedra e carvão, encontraram ricos depósitos de conchas e ossos que mostram que, há 90 mil anos, os neandertais cozinhavam e comiam caranguejos, nomeadamente Cancer paguros, de grandes dimensões. Entre o material recuperado encontram-se restos de "espécies de caranguejos e equinodermos", que foram "assados em brasas e depois abertos para se aceder à carne". A equipa descobriu que os caranguejos eram, na sua maioria, adultos grandes, com "largura média de carapaça de 16 centímetros", devendo render cerca de 200 gramas de carne.