Mais de três dezenas de católicos do Porto escreveram, esta sexta-feira, uma carta aberta a D. Manuel Linda a dar nota da "falta de sentido de urgência e de clareza" por parte do responsável pela diocese, a propósito do escândalo de abusos sexuais na Igreja.
"Não podemos calar a nossa dor e comunhão com o sofrimento das vítimas dos abusos sexuais. E não podemos calar, também, o desconforto pelos sinais que não confirmam a sintonia, nem com a urgência, nem com o consolo da clareza", frisam os subscritores da carta, que criticam também as "não decisões" do bispo do Porto.
Na sequência do Relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, os católicos dizem que têm estado "preocupados e vigilantes, na ânsia de orientações e decisões do Bispo".
A carta é assinada por nomes como Bento Rodrigues, Ana Sofia Thenaisie, António Sarsfield Rodrigues, Augusto Pedro Páris Cardoso, Luísa Freitas Carvalho, Maria do Rosário Mortágua, Maria Elisa da Silva Santos, Helena Girão, Isabel Pessanha Moreira, Joana Vieira de Castro e Ana Maria Liberal da Fonseca, entre outros.
"Preocupam-nos, acima de tudo, as vítimas de abusos - as crianças e demais frágeis: o seu passado doloroso, o respeito pela sua dor presente e o acolhimento que lhes é devido. E queremos que saibam que existe uma Igreja disponível e preocupada com sua dor - e está aqui", referem, salientando que têm rezado "pelas vítimas, pelos sacerdotes" e pelo bispo do Porto.
"Na semana passada, ficámos a saber que o nosso Bispo optou por remeter ao Vaticano e ao Ministério Público quatro processos a respeito de outros sacerdotes, sem tomar qualquer decisão cautelar no plano pastoral (seja em que sentido for) e sem partilha de qualquer fundamentação. Interpretamos este momento em absoluta urgência e, sobretudo, como um grito de clareza e transparência dirigido ao nosso Bispo", afirmam, pedindo mais decisões e mais clareza ao bispo.