A Inspeção-Geral de Finanças (IGF) concluiu que o administrador financeiro da TAP não teve conhecimento do acordo de saída de Alexandra Reis, e que, além de Pedro Nuno Santos e Hugo Mendes, mais nenhum membro do Governo esteve envolvido, isentando Medina de eventual responsabilidade.
"Quanto ao CFO [administrador financeiro] da TAP, do que nos foi possível apurar, este não esteve envolvido, uma vez que toda a negociação terá ocorrido à margem do Conselho de Administração e da Comissão Executiva, a que pertencia, não existindo evidência de que o CFO tenha tido conhecimento do mesmo", afirmou o inspetor-geral de Finanças, António Ferreira dos Santos, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP.
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O responsável da IGF acrescentou que a análise feita ao processo de saída da ex-administradora da TAP concluiu também que Gonçalo Pires "não terá tido igualmente intervenção no pagamento" da indemnização.
Adicionalmente, a IGF concluiu que, além do ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, "mais nenhum membro do Governo teve envolvimento ou conhecimento prévio do processo", isentando assim o ministro das Finanças, Fernando Medina, de responsabilidades no acordo com Alexandra Reis.
Quanto às afirmações da presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, que se queixou de não ter sido ouvida pela IGF, prestando esclarecimentos por escrito, António Ferreira dos Santos explicou que a gestora, "querendo", podia ter prestado à IGF, "por sua iniciativa, esclarecimentos adicionais, por qualquer forma escrita ou verbal".
CEO tentou retirar competências a Alexandra Reis
O inspetor-geral de Finanças disse hoje que a presidente executiva da TAP tentou inicialmente retirar competências à ex-administradora Alexandra Reis, tendo posteriormente considerado que não estavam reunidas condições para a manter na equipa, por "desajustamento de opiniões".
"Daquilo que conseguimos apurar, há uma conversa inicial em que a CEO [presidente executiva, Christine Ourmières-Widener] tentou de alguma forma retirar competências à engenheira Alexandra Reis, e no momento seguinte entendeu que não estavam reunidas condições para continuar a trabalhar com ela", afirmou o inspetor-geral de Finanças, António Ferreira dos Santos, que está a ser ouvido da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP.
Segundo o inspetor-geral, Ourmières-Widener expressou que havia um "desajustamento de opiniões" com Alexandra Reis.
Questionado pelo deputado socialista Carlos Pereira, o inspetor-geral disse ainda que, nos esclarecimentos à IGF após ter sido noticiada a indemnização de meio milhão de euros, Alexandra Reis nunca referiu o 'e-mail' enviado ao então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, a colocar o lugar em disposição, em dezembro de 2021, antes do acordo para sair da TAP.