O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal admitiu, esta quinta-feira, que é uma "desilusão" o adiamento de um referendo à regionalização, considerando que o setor do turismo ganharia mais com as regiões a decidirem o seu futuro.
Em declarações à agência Lusa no âmbito do adiamento do referendo à regionalização, previsto no programa do executivo de António Costa, o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, disse-se desiludido com o constante adiamento da regionalização, considerando que a ela ajudaria o setor turístico.
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"Para mim é uma desilusão ver o país evitar constantemente este desígnio [o da regionalização]. Esta é uma matéria que deveria ser consensual, mas infelizmente não o é, e acho que perdemos todos por isso", declarou Luís Pedro Martins.
Na passada quinta-feira, o Governo considerou que "não faz qualquer sentido" falar num referendo à regionalização, previsto no programa do executivo, tendo em conta a "mudança de posição" do PSD sobre o assunto, defendendo um consenso alargado sobre o tema.
Luís Pedro Martins assume que é pela regionalização e lamenta que se esteja "agora a percorrer o sentido inverso".
Segundo aquele responsável, Portugal deveria estar a continuar a percorrer o caminho da regionalização, aprofundando os temas e permitindo às regiões tomarem as "melhores decisões para o seu futuro em todas as áreas -- não apenas no turismo".
"Eu já era um feroz regionalista mesmo antes de estar a passar pela experiência de liderar a Entidade Regional [de Turismo do Porto e Norte de Portugal], e a experiência nestas funções comprovou-me que de facto é o único caminho possível. O setor do turismo ainda tem muito a fazer em matéria de descentralização de competências para as regiões e também maior autonomia administrativa e financeira, mas encontrou aqui no atual cenário de sete regiões um modelo precursor, vencedor e até podemos dizer de sucesso. Os números assim o comprovam"
Luís Pedro Martins acrescentou, todavia, que tem "esperança" de que a regionalização ainda aconteça durante o governo de António Costa.
"Tenho esperança (...). É uma esperança que já trago comigo há vários anos. Eu comecei a falar de regionalização por volta de 1994, já passaram anos suficientes", disse.
Na quinta-feira, o Governo considerou que "não faz qualquer sentido" falar num referendo à regionalização, previsto no programa do executivo, tendo em conta a "mudança de posição" do PSD sobre o assunto, defendendo um consenso alargado sobre o tema.
"Isto naturalmente resulta de uma mudança de posição do líder do principal partido da oposição [Luís Montenegro, PSD]. Portanto, neste momento, não faz qualquer sentido falar de referendo", afirmou então a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, aos jornalistas, na conferência de imprensa relativa à reunião do Conselho de Ministros de hoje, realizada em Faro, no dia 2 de março transato.
O Programa do Governo indica que, após a descentralização de competências, a eleição dos dirigentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e o reforço do papel destas entidades, pretende-se "reabrir, a partir de uma avaliação da reforma das CCDR, de forma serena e responsável, o debate em torno do processo de regionalização nos próximos anos, com o objetivo de realizar um novo referendo sobre o tema em 2024".