Cisjordânia ocupada voltou a ser palco de confrontos, numa operação que foi classificada como uma das mais violentas dos últimos anos.
Um ataque israelita em Nablus, no Norte da Cisjordânia, fez 10 mortos e 102 feridos, entre os quais 82 baleados. O desfecho trágico foi o resultado de uma incursão das tropas de Israel que, na manhã desta quarta-feira, invadiram a cidade com dezenas de veículos blindados. Esta é, segundo as autoridades da Palestina, uma das operações mais sangrentas na região desde pelo menos 2005 - um balanço idêntico ao que foi divulgado a 26 de janeiro, quando, em Jenin, 10 pessoas morreram em circunstâncias semelhantes.
Além de um adolescente de 16 anos, fonte do Ministério da Saúde da Palestina informou que as restantes nove vítimas mortais eram homens com idades compreendidas entre os 23 e 72 anos - um deles comandante da Jihad Islâmica, informou o próprio grupo, considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, poucas horas após a agressão.
O ministro dos Assuntos Civis palestiniano, Hussein al-Sheikh, apelou à comunidade internacional para que intervenha "imediatamente", uma vez que a tensão entre fações tem vindo a escalar desde março de 2022, ano em 171 palestinianos foram mortos, incluindo mais de 30 crianças. Da parte de Israel, o Exército limitou-se a declarar, em comunicado, que realizou uma "operação antiterrorista", durante a qual abateu "três suspeitos que estavam envolvidos em ataques armados e planeavam ataques para o futuro imediato".
Greve geral e protestos
Nida Ibrahim, uma repórter da "Al Jazeera" que se encontrava no local dos confrontos, recolheu testemunhos que dão conta de que as tropas de Israel abriram fogo "indiscriminadamente", recorrendo ainda a gás lacrimogéneo como arma de arremesso.
Em resposta aos mais recentes acontecimentos, os partidos políticos palestinianos anunciaram uma greve geral nas cidades de Ramallah e Nablus, pedindo à população que proteste perto dos postos de controlo do Exército ocupante.
A última grande operação israelita em Nablus ocorreu em outubro do ano passado, altura em que cinco palestinianos foram mortos num ataque contra o grupo Areen al-Oussoud. Os confrontos de ontem surgem num cenário de escalada de violência na Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.
No início de 2022, após uma série de ataques palestinianos em Israel, as forças do país lançaram uma campanha militar que levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a classificar o último ano como o mais mortal para os palestinianos desde 2006.
"A prevenção de mais violência é uma prioridade urgente", destacou, no início desta semana, Tor Wennesland, mediador da ONU para o Médio Oriente.
Desde o início de 2023, o conflito no Médio Oriente já tirou a vida a 55 palestinianos, número que abarca vítimas civis.