A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu este sábado que a luta dos professores se deve a "uma revolta sincera" e desafiou o Governo a "assumir a sua responsabilidade" e atender às reivindicações da classe.
"O Governo partiu a corda e agora precisa de assumir a sua responsabilidade, e a responsabilidade é dar condições a quem deu tudo, a quem deu tudo pelo nosso país, pela nossa democracia, e faz a escola pública funcionar todos os dias", afirmou a líder do BE, que esteve hoje presente na manifestação nacional de professores, em Lisboa.
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Catarina Martins afirmou que os professores "estão em luta pela escola pública", que foi "desprotegida e humilhada durante tanto tempo", considerando que "esta revolta é uma revolta sincera".
"Os professores, literalmente, pagam para trabalhar, porque andam com a casa às costas e não têm sequer despesas de deslocação pagas", criticou.
A coordenadora do BE considerou que esta é também a "revolta do país que vê que há milhões para tudo e para mais alguma coisa", mas "onde faltam sempre os milhões é nos salários de quem trabalha", e apontou que "há um problema no país com uma inflação que galopa e os salários não acompanham".
"Muitas crianças não têm professor não é por causa da greve, é porque já não há professores no país porque as carreiras foram de tal forma desarticuladas e as condições da escola são tão difíceis que há muitos professores a reformar-se e os mais jovens não querem ser professores, e com razão", acrescentou.
Catarina Martins afirmou que "o que falha em absoluto é o Governo", sustentando que não se pode "fazer de conta que é o ministro da Educação a negociar quando o ministro das Finanças vai e diz não vai haver aumento de despesa estrutural".
"O que o ministro das Finanças está a dizer é que quer que os professores paguem eles a inflação e a escola pública", criticou.
Questionada se deve ser o primeiro-ministro a liderar as negociações, a bloquista afirmou que é "muito estranho" que António Costa "ainda não tenha dito uma palavra sobre a escola e os professores", um "serviço público fundamental da democracia que precisa de resposta".
Sobre os protestos destes profissionais, que já contam greves e várias manifestações nas últimas semanas, Catarina Martins assinalou que "os professores esperaram e desesperaram" e se "ficarem quietos, não é nada resolvido".
"Faremos o nosso trabalho de forma institucional, mas fazemos também o nosso trabalho quando solidariamente estamos na rua, porque quando há uma maioria absoluta que acha que pode tudo e não ouve os professores, é também a força da rua que obriga à justiça", defendeu, considerando que "essa força na rua faz mover maiorias absolutas e vai obrigar o Governo a ceder".
Milhares de professores começaram cerca das 15:20 a descer a Avenida da Liberdade, em Lisboa, em direção ao Terreiro do Paço, a exigir "respeito", numa marcha encabeçada pelo secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.
"Respeitar os professores. Valorizar a profissão" são as palavras de ordem que abrem a marcha que, segundo a Fenprof, que convocou o protesto, contará com a participação de cerca de 100.000 professores.