A presidente do Peru, Dina Boluarte, pediu, esta terça-feira, uma "trégua nacional" aos manifestantes antigovernamentais para poder superar a crise social e política que abala o país e "retomar o diálogo", apelando novamente para "a paz e a unidade".
"Peço à minha querida pátria uma trégua nacional para poder retomar o diálogo e, melhor ainda, para poder definir a agenda de cada região e desenvolver" o país, declarou Boluarte numa intervenção na Associação de Imprensa Estrangeira do Peru (APEP).
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Boluarte pediu esta "trégua nacional" numa altura em que os protestos em todo o país, iniciados em dezembro do ano passado e que não dão sinais de abrandar, reivindicam o seu abandono do cargo, a dissolução do parlamento, a convocação de eleições gerais este ano e a criação de uma assembleia constituinte.
Em resultado das barricadas e mobilizações por todo o Peru, registaram-se confrontos entre os manifestantes e as forças da ordem que fizeram, até agora, mais de 60 mortos.
Entretanto, a Comissão de Constituição do Congresso peruano aprovou hoje o projeto de resolução legislativa que propõe antecipar o início da segunda legislatura para o próximo dia 15 de fevereiro, a fim de aprovar em segunda instância a antecipação das eleições gerais para 2024.
Com 15 votos a favor e oito contra, a comissão, presidida pelo deputado 'fujimorista' Hernando Guerra García, aprovou que a segunda legislatura do ano comece a 15 de fevereiro e termine a 15 de junho, proposta que terá de ser ratificada em plenário, onde precisa de pelo menos 87 votos do número total de deputados.
Desta forma, o projeto aprovado deixou para trás a proposta das deputadas Susel Paredes e Digna Calle de dar início à segunda legislatura a 01 de fevereiro, com a expectativa de as eleições gerais poderem realizar-se em finais deste ano, como reivindicam os protestos de rua iniciados em dezembro passado.
No entanto, Guerra García afirmou que o parlamento não pode fugir à sua responsabilidade, referindo-se às reformas políticas e eleitorais pendentes, e que o seu partido, Força Popular, inicialmente propôs que as eleições gerais fossem em 2023, mas que essa proposta não recebeu o necessário apoio parlamentar.
Hoje, a Comissão de Constituição do Congresso peruano vai ainda debater alterações na formação do Júri Nacional de Eleições (JNE), a mais alta instância eleitoral do país.