Numa tentativa de virar a página quando ainda está aberta a polémica em torno de mais uma demissão, com a saída da secretária de Estado da Agricultura, a ministra e dirigente socialista Ana Catarina Mendes assume o "erro", em nome do Governo, mas garante que "está corrigido".
Reduzindo agora o caso "à espuma dos dias", a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares procurou, este sábado, vitimizar os socialistas perante os ataques da Oposição, após Luís Montenegro ter dito que "o Governo ainda não resolveu os problemas" porque mantém "dois ministros combalidos politicamente", a da Agricultura e o das Finanças.
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Quando António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa iniciaram uma nova forma de comunicar, com uma troca de cartas sobre a proposta do primeiro-ministro para um escrutínio partilhado dos futuros governantes, o líder do PSD considerou que o presidente fez bem em afastar, para já, uma dissolução do Parlamento. Para Luís Montenegro, foi "a leitura política correta".
O líder do PSD disse ainda estar convicto de que o PS viabilizará a constituição de uma comissão de inquérito sobre a gestão da TAP por ser "o primeiro interessado" em esclarecer a situação.
Orgulho nos sete anos
Aproveitando, por sua vez, o encerramento do congresso federativo do PS de Viana do Castelo, Ana Catarina Mendes admitiu que, "quando se está perante os problemas, devemos identificar o erro e agir sobre ele", na linha da assunção de culpa feita, por exemplo, pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.
A dirigente do PS acrescentou que, "quando se reconhece a responsabilidade política, como já foi reconhecido, aquilo que nos deve interessar não é a espuma dos dias". Nem "são aqueles que, não tendo nenhum projeto político para o país, se entretêm todos os dias a atacar e a atacar".
Embora admitindo o erro, tentou dar o caso como encerrado, afirmando que, "quando está corrigido, o que é preciso mesmo é que tenhamos orgulho no trabalho" realizado "ao longo destes sete anos".
Recordando o resultado obtido pelo PS há quase um ano, deixou depois um apelo em jeito de promessa: "Não desperdicemos essa maioria absoluta, mas coloquemos essa maioria absoluta ao serviço das pessoas, lado a lado com os portugueses, a resolver todos os dias os seus problemas".
João Torres diz que confiança não se perde
Elogiando o ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, que se demitiu em novembro, Ana Catarina Mendes manifestou-lhe "solidariedade" e "gratidão" pelo trabalho como líder distrital de Viana e como presidente da Câmara de Caminha, função no âmbito da qual foi acusado de prevaricação pelo Ministério Público.
Na abertura do mesmo congresso federativo, João Torres, secretário-geral adjunto do PS, disse, por sua vez, acreditar que o Governo continua a ser merecedor da confiança dos portugueses, apesar da sucessão de polémicas.
"O ano de 2023 é decisivo para o país porque é um ano em que, seguramente, teremos de estar, como estaremos, à altura das nossas responsabilidades. À altura de honrar os compromissos que estabelecemos com os eleitores, à altura de selar uma relação de confiança de acordo com o mandato que os portugueses atribuíram ao PS", referiu o dirigente.