Regulamento aprovado pelo Governo espanhol tem como objetivo reduzir resíduos considerados tóxicos nas ruas. As novas regras fazem parte de uma lei aprovada no ano passado que proíbe plásticos descartáveis.
O regulamento, que entrou em vigor na última sexta-feira, dia 6, foi aprovado pelo Executivo de Pedro Sánchez e prevê que as empresas de tabaco sejam responsáveis pela limpeza de beatas nas ruas do país. Através do pagamento de uma taxa, que até agora ainda não foi especificada, ao Governo, as tabaqueiras assumem os custos de limpeza, transporte e tratamento destes resíduos considerados tóxicos, evitando assim a acumulação de lixo nos espaços públicos.
Além disso, as empresas que fornecem cigarros devem realizar campanhas que eduquem os consumidores a não descartar as beatas em espaços públicos, uma vez que a decomposição destes resíduos, constituídos por filtros feitos de fibra de acetato de celulose, um tipo de bioplástico, pode demorar várias décadas. Um relatório da Fundação Catalan Rezero, consultado pela BBC, revela que as beatas geram mais de 2700 toneladas de resíduos por ano, estimando ainda que cerca de 70% dos cigarros acabem na terra ou em espaços naturais.
Embora a medida já tenha entrado em vigor há três dias, Espanha ainda não detalhou de que forma a limpeza será realizada ou quanto irá custar às empresas, bem como se as despesas serão ou não transferidas para os consumidores. No entanto, um estudo espanhol indicou que o processo deverá custar entre doze e 21 euros por cidadão.
Entre as novas regras, Madrid vai também proibir o uso de plástico de uso único, como talheres e pratos, copos de plástico e palhinhas e cotonetes, exigindo ainda a redução de plástico nas embalagens alimentares. O objetivo é reduzir o desperdício e aumentar a reciclagem. As regras fazem parte de uma lei aprovada no ano passado que proíbe plásticos descartáveis, elaborada para cumprir a diretiva da União Europeia.
Barcelona é exemplo
De acordo com a organização não-governamental Ocean Conservancy, as beatas de cigarros são a forma mais comum de poluição marinha, sendo muito superior à que é feita pelo depósito de sacos e garrafas de plástico. Nas praias do Mediterrâneo, por exemplo, este tipo de resíduos continuam a surgir de forma abundante, o que indica que as medidas até agora aplicadas para combater o problema, como a implementação de cinzeiros de plástico, foram insuficientes.
Barcelona foi, no ano passado, uma das cidades espanholas que deu mais passos para acabar com esta situação, ao proibir que se fumasse em todas as praias.