Luís Montenegro, declarou, esta segunda-feira, que "ou o Governo muda de vida ou os portugueses exigirão mudar de Governo". Diz que António Costa, com os novos ministros agora anunciados para o lugar de Pedro Nuno Santos, "vai ao banco de reservas" buscar secretários de Estado e "perdeu definitivamente a capacidade de recrutamento". O líder do PSD não exclui votar favoravelmente uma moção de censura e defende a demissão de Fernando Medina.
Montenegro diz que estamos perante "uma promoção de dois membros do Governo". E, "se fosse primeiro-ministro, o ministro das Finanças sairia do Governo", assegurou, enquanto António Costa prefere manter um "peso morto" no Executivo. Do mesmo modo, defende que a administração da TAP "não tem condições para continuar".
O primeiro-ministro propôs, esta segunda-feira, os atuais secretários de Estados João Galamba e Marina Gonçalves, para as funções de ministro das Infraestruturas e de ministra da Habitação, respetivamente.
Costa foi "buscar aparelho ao aparelho"
O presidente do PSD destacou que, "no momento da maior crise do Governo, o primeiro-ministro desapareceu. Não deu explicações. Vai reaparecer hoje, de braços caídos, a ir ao banco de reservas fazer uma remodelação que em bom rigor nem isso é. Não entra ninguém novo no Governo na altura mais crítica do Governo". Ou seja, Costa "perdeu a capacidade de recrutamento. Estas promoções são ir buscar aparelho ao aparelho. Ninguém sabe que Governo é este".
O líder social-democrata não exclui a possibilidade de o PSD votar favoravelmente uma moção de censura, explicando que essa decisão será tomada terça-feira, após reuniões da Comissão Política e com o grupo parlamentar.
Quanto a Medina, considerou que revelou "displicência e negligência grosseira" ou então, se mentiu sobre o caso polémico de Alexandra Reis, então mostra "inaptidão para ser membro do Governo".
"Vertigem absolutista"
"É o PS, sozinho, a desmerecer até agora a oportunidade única" da maioria absoluta, atacou ainda Montenegro, na linha dos avisos deixados por Marcelo Rebelo de Sousa, para quem é o próprio Governo que está a colocar em causa a estabilidade.
Montenegro aponta para um "erro de fabrico" de António Costa, pela falta de articulação, pelas "meias verdades" e por "silenciar e desvalorizar" os casos que envolvem o Governo. "Não nos habituamos à sua vertigem absolutista", avisou ainda.
Considerando que Costa é o "único responsável" pela crise política, acrescentou que, "por este caminho, o povo vai habituá-lo a deixar de ser primeiro-ministro e "não sabemos se ele não tem já essa ideia".
O líder do PSD foi ainda questionado sobre o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter dito que não vislumbrava no PSD uma alternativa clara e forte a este Governo. Montenegro recusa que essa seja a leitura a fazer das palavras do presidente e diz concordar quando diz que não podemos ter novamente eleições porque "este não é tempo de abrirmos uma crise política em cima de uma crise social". Além disso, nota que "o PSD não tem pressa de ir para o Governo".
Mesmo assim, garante que o PSD está preparado no caso de haver eleições antecipadas: "Se essa hora chegar, estaremos preparados e não faltaremos à chamada. Não nos resignamos a pântanos, a bancarrotas e ao empobrecimento."