O ex-banqueiro português João Rendeiro foi detido este sábado de manhã no norte da cidade portuária de Durban, no sudeste da África do Sul, e será ouvido em tribunal na segunda-feira.
"Ele já estava sob nossa vigilância e assim que a necessária documentação chegou prendemos este indivíduo, esta manhã, em Umhlanga Rocks, no norte de Durban", disse o porta-voz do comissário nacional da Polícia sul-africana Vishnu Naidoo, à agência Lusa, adiantando que o ex-banqueiro, sobre quem pendia um mandado de detenção internacional, se encontra detido numa esquadra em Durban. Comparecerá num tribunal local na segunda-feira, como parte do processo de extradição.
Vishnu Naidoo explicou à Lusa que o ex-banqueiro foi detido "por volta das 7 horas" (5 horas em Portugal continental), como já tinha avançado a Polícia Judiciária, salientando que os pormenores da operação policial serão conhecidos em tribunal durante o processo judicial de extradição. "Ele não será extraditado automaticamente, o tribunal deve decidir se é extraditável ou não", sublinhou Vishnu Naidoo.
"Somos países-membros da Interpol e se não existisse esse relacionamento então não poderíamos executar o aviso vermelho, mas o facto de termos executado o aviso vermelho significa que podemos iniciar o processo de extradição, e agora vamos conduzi-lo nesse processo de extradição e o tribunal decidirá", explicou.
Processo finalizado em encontro de Polícias
Segundo o porta-voz nacional da Polícia sul-africana, o processo de detenção de João Rendeiro na África do Sul foi finalizado num encontro com a Polícia Judiciária realizado à margem da Assembleia Geral da Interpol, em 24 de novembro, em Istambul, na Turquia. "Encontrámo-nos com o comissário (de Polícia) português em Istambul, durante a assembleia geral da Interpol, onde tivemos um encontro bilateral, e o comissário português destacou a importância de assistirmos na detenção de João Rendeiro", explicou à Lusa.
"Através da Interpol, temos relações com a Polícia portuguesa e o encontro reforçou a urgência de se finalizar o processo para a detenção e extradição deste homem", adiantou o porta-voz nacional da Polícia da África do Sul à Lusa. "Então esperámos que a documentação necessária fosse processada e rastreámos a movimentação desse indivíduo e assim que a documentação chegou, efetuámos a detenção esta manhã no norte de Durban".
Disse que só voltava a Portugal com indulto
João Rendeiro tinha garantido que só voltaria a Portugal com um indulto do Presidente da República mas a PJ seguiu-lhe os passos desde que, em 14 de setembro, saiu do Reino Unido para entrar na África do Sul no dia 18. O antigo presidente do Banco Privado Português (BPP) foi condenado no final de setembro a cinco anos e oito meses de prisão efetiva num processo por burla qualificada, esteve em parte incerta até este sábado.
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.
As autoridades portuguesas já tinham emitido dois mandados de detenção, europeu e internacional, para o antigo presidente do BPP, para que o ex-banqueiro cumpra a medida de coação de prisão preventiva. Num artigo publicado no seu blogue Arma Crítica, João Rendeiro escreveu que não pretendia regressar a Portugal por se sentir injustiçado e que iria recorrer a instâncias internacionais.