Portugal pode vir a ter um sistema de semáforo em que diferentes regiões do país são classificadas como vermelhas, amarelas ou verdes, consoante o nível de transmissão de covid-19.
"Essa pode vir a ser uma opção", com base nos mapas municipais de infeções, disse à SIC o secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, na noite desta quarta-feira.
O sistema está a ser usado por países como a República Checa, que classificou as regiões segundo o código de três cores (só a capital Praga está vermelha) e também por países como a Bélgica ou o Reino Unido, para a gestão de fronteiras. Aqui, os países impõem níveis de segurança diferentes às pessoas que entram no país, consoante o local da sua origem. Também Portugal adotou este sistema durante o verão, para controlar o afluxo de pessoas às praias.
Agora, em cima da mesa do Ministério da Saúde está a possibilidade de dividir o território português por cores, mediante o risco de contágio de cada uma. Lacerda Sales disse que o plano da Saúde para a época de outono e inverno admite um sistema de semáforo, mediante "três camadas". A primeira avalia de que forma a transmissão da doença está a acontecer nas várias partes do país; a segunda adota o sistema de semáforo para classificar cada uma dessas regiões; a terceira implica "tomar as decisões certas", mediante as duas primeiras.
Fora do plano do Governo está o fecho ao exterior de regiões com maior taxa de transmissão. "Não preconizamos o confinamento" como está a ocorrer em Madrid, onde certas partes da cidade têm o acesso condicionado. "Neste momento não está em cima da mesa".
Máscara da rua sem "evidência científica"
Também fora dos planos está a obrigação do uso de máscara ao ar livre - pelo menos enquanto a ciência não demonstrar que tem impacto positivo. "A melhor evidência científica é uso de máscara em espaços fechados e recomendação em abertos quando não for possível manter distanciamento", disse Lacerda Sales, admitindo mudar a decisão se, entretanto, se demonstrar que essa obrigação se justifica.
A evolução epidemiológica ditará o tipo de medidas a impor pelo Governo e, nos próximos dias, admitiu, será tomada uma decisão sobre a existência de público nos estádios durante jogos de futebol. "Não podemos dar sinais contrários à evolução epidemiológica e ao estado de contingência do país", alertou.
Lacerda Sales reafirmou a confiança na consciência cívica do povo português - incluindo das pessoas que frequentam estádios de futebol - e insistiu na mensagem que tem sido repetida pelo Governo: "É importante que os portugueses percebam que o sucesso depende do comportamento individual e coletivo".
Apesar do apelo à população, garantiu que o sistema de saúde tem "flexibilidade" suficiente para responder ao aumento da procura, com doentes a serem transferidos entre hospitais, se necessário. "Essa rede expansível seguramente funcionará", disse, sem se comprometer com um número de internamentos a partir do qual os hospitais poderão entrar em colapso.