Primeiro-ministro, Governo, PS e PSD e Oposição como um todo: os pilares tradicionais do regime político parecem todos acusar o desgaste da crise sanitária e económica provocada pela pandemia.
Todos, menos um: o presidente da República não só não regista quebras na popularidade, como ganha até alguns pontos. É aliás Marcelo Rebelo de Sousa a personagem política em quem os portugueses mais confiam. Mas também esperam dele maior exigência face à governação do país.
A leitura que resulta do barómetro da Aximage para o JN e a TSF não podia ser mais clara: o primeiro-ministro está em queda acentuada (mesmo que ainda mantenha um saldo claramente positivo na avaliação dos portugueses), o presidente da República está em alta (o que ganha importância num contexto em que quase todos os outros atores políticos acusam acelerado desgaste).
Vejam-se os vários itens em que os portugueses são convidados a medir os comportamentos de Marcelo Rebelo de Sousa: são agora 64% os que fazem uma avaliação positiva da sua presidência (mais três pontos percentuais do que no barómetro de julho); sobem para 47% os que depositam mais confiança no presidente do que no primeiro-ministro (mais seis pontos); e passam para 73% os que lhe pedem maior exigência relativamente ao Governo (mais 11 pontos do que há dois meses).
Maiores fãs de marcelo no PS
O que aqui pode ser interpretado como um bom sinal para Marcelo é seguramente um sinal amarelo para Costa: é certo que 54% dos inquiridos lhe dão positiva, mas são menos nove pontos do que em setembro, enquanto as avaliações negativas crescem 13 pontos; no jogo da confiança face ao presidente, cai para 12% (menos cinco), estando muito próximo de perder o pé mesmo entre os eleitores do seu partido - 28% optam pelo primeiro-ministro e 27% pelo presidente. Acresce, como divulgamos na edição de domingo passado, que o PS está a perder quase três pontos nas intenções de voto.
Registe-se que o barómetro da Aximage não fez qualquer pergunta relacionada com as próximas eleições presidenciais, pelo que não é possível medir em que medida a popularidade e a confiança em Marcelo reverterá em intenções de voto. Certo é que os maiores fãs do atual inquilino de Belém são precisamente os eleitores socialistas: 83% dão-lhe avaliação positiva. Em segundo lugar aparecem os eleitores do PAN e finalmente, em terceiro, os do seu partido de origem, o PSD (entre estes, o salto de Marcelo é de sete pontos, para 60% de avaliações positivas, quando há dois meses eram os que menos entusiasmo revelavam pelo presidente).
Semáforo vermelho para a Oposição
O PS, o primeiro-ministro e o Governo estão todos em queda. Mas, a julgar pelos resultados do barómetro da Aximage para o JN e o TSF, a crença numa alternativa anda pelas ruas da amargura. O conjunto da Oposição passou de um saldo ligeiramente positivo, em julho, para uma avaliação claramente negativa, em setembro: 45% de notas negativas e 28% de avaliações positivas. O saldo é negativo em todos os segmentos da amostra, escolha-se o ângulo de análise das regiões, das faixas etárias ou das classes sociais.
Surpreendentemente, o saldo também é negativo entre os eleitores de cinco dos seis maiores partidos, sendo que quatro deles são da Oposição. Há uma única exceção a este castigo generalizado: no BE há um pouco mais de avaliações positivas que negativas relativamente à Oposição.