Novo produto de diagnóstico, mais rápido e fiável, adquirido pela Cruz Vermelha Portuguesa e disponibilizado às autoridades de saúde, pode ajudar Portugal a "travar o avanço do contágio".
A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) disponibilizou 500 mil testes rápidos para serem utilizados em escolas e lares e está a articular-se com o Ministério de Saúde (MS) e a Direção-Geral de Saúde (DGS) para que decidam quando e como podem ser aplicados.
"São os mesmos testes adquiridos pelos Estados Unidos, este mês, uma vez que chegaram recentemente ao mercado (os da Abbott no início do mês e os da Roche, que também vamos receber, só chegam para a semana). A Espanha também adquiriu alguns milhões de testes", explicou Gonçalo Orfão, médico gestor do programa de testes covid-19 da CVP e coordenador nacional de emergência.
Ao contrário dos primeiros testes rápidos que foram sendo notícia no início da pandemia, devido à fraca fiabilidade e resultados duvidosos, estes novos testes rápidos capazes de devolver resultados em 15 minutos "são muito fiáveis, com uma margem de erro de apenas 4% a 7%". E, adiantou o responsável, "são cerca de dez vezes mais baratos do que um teste PCR-RT", o que é habitualmente usado em Portugal pelas autoridades de saúde e que demora cerca de 12 horas a apresentar resultado.
"O teste rápido corresponde a cerca de 93-96% da fiabilidade de um PCR-RT", acrescentou Gonçalo Orfão. Por isso, quem testar positivo "não precisa de confirmação com outro teste" e só "alguns falsos negativos podem precisar de testar novamente".
Em meios de grande concentração de pessoas, como as escolas e os lares, a vantagem destes testes é "permitir quebrar as cadeias de transmissão antes que o vírus se dissemine", isto porque, em 15 minutos, quando o primeiro caso dá positivo, os contactos podem ser imediatamente testados e isolados se derem positivo também, em vez de haver um lapso de, pelo menos, 12 horas entre o positivo inicial e os testes aos contactos que, nesse período de tempo, poderão ter contaminado outros.
Assim, confirmou Gonçalo Orfão, "será possível regressar mais depressa à normalidade e travar o avanço do contágio".
A CVP adquiriu os testes de forma independente graças a financiamento internacional e, segundo o "Expresso", disponibilizou-os de imediato ao MS para serem usados em escolas e lares. Sem resposta durante dias, relata o jornal, só durante uma reunião, esta semana, com António Costa, o primeiro-ministro terá revelado interesse na parceria.
Mas Francisco George, presidente da CVP, desvalorizou que haja qualquer "pressão" ou tensão nesse atraso de resposta. "Há uma grande articulação com o Governo e não há qualquer pressão da CVP", assegurou Francisco George, em entrevista à RTP este sábado.
Durante a última semana, explicou Francisco George, a CVP utilizou os testes rápidos para comparar resultados com os testes PCR-RT e considerou-os "praticamente equivalentes".
A CVP dispõe de 15 brigadas de intervenção, disponíveis para intervir em escolas e lares, tendo agora como objetivo duplicar essas equipas, assim como o número de profissionais formados para aplicar os testes (atualmente são 200). A brigada e a rede nacional da CVP já realizaram mais de 30 mil testes em lares, creches, empresas e público em geral, nalguns casos a pedido da Segurança Social e através de protocolo. Será também esse o modelo de parceria para o posto fixo da CVP que iniciará testagem em breve na zona metropolitana de Lisboa.
O JN contactou o MS e a DGS para saber se a oferta da CVP vai ser aceite e de que forma poderá ser operacionalizada, contudo ainda não obteve resposta.