A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) revelou que reduziu drasticamente, de 500 para 30, o número de observadores para as eleições presidenciais dos EUA, por causa da pandemia de covid-19.
A OSCE explica que passou meses a tentar encontrar uma solução para enviar uma numerosa delegação às eleições presidenciais dos EUA, que se realizam em 3 de novembro, considerando que se trata de uma das "mais desafiantes das últimas décadas", o que justificava uma equipa que chegou a ser pensada para 500 pessoas.
Contudo, perante os riscos da pandemia de covid-19, que continua a progredir nos Estados Unidos a um ritmo preocupante, a OSCE decidiu limitar a equipa de observadores a 30 elementos, segundo a porta-voz da organização Katya Andrusz.
"Embora tivéssemos planeado enviar uma missão de observação eleitoral completa, os receios de segurança, bem como as contínuas restrições de viagens provocadas pela pandemia de covid-19, criaram novos problemas", disse Andrusz, ciata pela Associated Press.
Os 30 elementos da equipa devem rumar para os EUA no início de outubro e ficarão até 3 de novembro, data do ato eleitoral.
Em março passado, a missão dos EUA junto da OSCE tinha solicitado o envio de observadores, como todos os países pertencentes ao grupo, incluindo a Rússia, são obrigados a fazer.
A secção para Instituições Democráticas e Direitos Humanos da organização tem enviado observadores para os EUA desde as eleições intercalares de 2002 - as primeiras desde a recontagem de votos ocorrida nas presidenciais de 2000, que deixou o resultado final em suspenso, levantando questões sobre a sua integridade.
Normalmente, a OSCE envia uma pequena delegação, meses antes de uma eleição, para fazer uma "avaliação das necessidades", mas este ano essa tarefa foi feita à distância, por causa da pandemia.
A OSCE tem sido crítica do modelo eleitoral norte-americano e chegou mesmo a condenar em público o sistema do colégio eleitoral, que permite que um candidato presidencial pode ganhar mesmo que não tenha a maioria dos votos.
Os apelos para um escrutínio extraordinário das próximas eleições têm vindo a aumentar de tom, em particular por causa do facto de muitos eleitores irem preferir o voto por correspondência, o que levanta dúvidas sobre alguns riscos sérios, como a possibilidade de votos duplicados.
"Os Estados Unidos autodenominam-se o modelo democrático que todas as nações devem imitar. Mas se a América realmente quer ser um exemplo de democracia, então deveria provar que as suas eleições são, de facto, livres e justas", disse o prestigiado jornal Boston Globe, num editorial, no mês passado.
Num relatório de julho, a OSCE voltou a exprimir preocupação com o processo eleitoral nos Estados Unidos e disse que a equipa de observadores incluiria alguns que se concentrariam exclusivamente na cobertura mediática, nos dias e horas anteriores à votação.
"Numa atmosfera de polarização crescente e de acusações de todos os lados políticos sobre fraude eleitoral e desconfiança no processo eleitoral e nos resultados, a presença de observadores externos para avaliar o processo será altamente valiosa, adicionando uma camada importante de transparência", refere o relatório.