Há um ano, Karen Bermudez-Rodriguez deixou para trás tudo o que tinha, na Colômbia, para uma aventura nos EUA. Morreu, assassinada pelo namorado, num crime macabro, no início do mês, que chocou a comunidade onde vivia.
Com 26 anos, Karen seguiu o caminho que muitas jovens da sua idade trilham. Abandonou o conforto do lar para um desafio num país diferente. Escolheu a pequena localidade de Maplewood, em Nova Jérsia, onde a procura por amas é grande. Ficou responsável por tomar conta de duas crianças.
A experiência no estrangeiro, que a levou a terminar um relacionamento com casamento marcado na Colômbia, estava a decorrer dentro do esperado. Até que conheceu Joseph Porter, com quem iniciou uma relação amorosa.
Para ela, o caso não era nada de muito sério. Já ele, de acordo com o que os amigos de Karen contaram ao jornal "The New York Times", começou a dar sinais de ciúmes e a demonstrar um comportamento possessivo e em alguns casos violento.
Descontrolo leva a morte
Karen queria terminar o relacionamento e quando se preparava para acabar, Joseph surpreendeu-a. Tinha a chave da casa onde a jovem trabalhava e entrou na moradia, no sábado, dia 3 de agosto. A primeira vítima da sua raiva foi o dono da casa, David Kimowitz, assassinado à facada. Depois, matou Karen, enquanto esta fugia na rua.
O crime abalou a comunidade onde vivem cerca de 25 mil pessoas e que se habituou a ver jovens mulheres, muitas vindas do estrangeiro, a passear na rua os filhos das pessoas mais ricas. O ideal de segurança foi abalado.
O novo início que chegou rapidamente ao fim
Antes de chegar aos EUA, em abril de 2018, a jovem, que estudou comércio internacional, tinha uma vida promissora em Bogotá. Estava até a pensar casar com Juan Rivera, o seu namorado de sempre. "Ela decidiu que queria fazer esta viagem e eu sempre a apoiei", contou ao TNYT. Assim que chegou ao novo país, inscreveu-se numa empresa de recrutamento de amas e logo arranjou emprego, ficando a viver na casa da família.
Conheceu Joseph, filho de uma mulher brasileira e um antigo soldado norte-americano, durante um curso de inglês. A relação desde cedo ficou marcada por crises de ciúmes. Ele não a deixava ver os amigos e controlava tudo o que ela fazia no telemóvel e não escondia a raiva que sentia sempre que a jovem o deixava em segundo plano.
Em fevereiro, durante uma viagem a Boston, tiveram uma desavença violenta e Karen chegou mesmo a ligar para a polícia.
Ainda assim, continuou com a relação. Na noite antes do crime, e com a dona da casa onde vivia fora da cidade com as duas crianças, Karen deu uma festa e convidou alguns amigos. A diversão terminou quando se envolveu numa discussão por telemóvel com Joseph. Numa mensagem, a jovem informou o rapaz que queria terminar a relação e pediu-lhe a chave da casa de volta. Apesar de conhecer o rapaz, a família não sabia que ele tinha uma chave de casa.
No dia do crime, Joseph, de acordo com os documentos a que o jornal norte-americano teve acesso, conseguiu chegar à parte superior da casa, pegou numa faca e esfaqueou David. Pouco depois, com fita-cola, prendeu Karen pelos pulsos, mas a jovem conseguiu fugir para rua. No entanto, a fuga durou pouco tempo e a rapariga acabou por ser intercetada e esfaqueada. Quando o serviço de emergência chegou ao local, a rapariga ainda estava viva, mas não resistiu à violência imposta pelo namorado.
Mais tarde, na mesma manhã, a polícia conseguiu deter Joseph, no aeroporto de Newark, quando este se preparava para voar até Cancun, no México. Vai ser presente a juiz na próxima quinta-feira, acusado de duplo homicídio.