O galo é um símbolo da Franca, mas na Gália moderna o cacarejar matinal de Maurice está na origem de um processo em tribunal que está a dividir os gauleses.
Maurice é um galo que vive na aldeia de Saint-Pierre-d'Oléron, na ilha de Oléron, que é arguido num processo que chegou à barra do tribunal, na quinta-feira, em Rochefort, França.
Maurice não tem nada de especial enquanto galo. Faz apenas aquilo que lhe está no ADN:ao nascer do sol canta, alto e bom som. Há vizinhos que o acusam de poluição sonora, por isso o galo foi a tribunal.
Os acusadores são pessoas da cidade, que visitam Saint-Pierre-d'Oléron algumas vezes por ano, revela a cadeia de televisão norte-americana CNN, que revela o caso.
"O galo não está aqui para ser trendy, porque é moda. Vive no galinheiro como sempre, porque os donos querem ovos", diz Julien Papineau, que se assume como advogado de Maurice e da dona, Corinne Fesseau, que representa o galo em tribunal.
"Um galo não é um problema anormal insuportável ou excessivo", argumenta o advogado.
"O problema é que já não nos toleramos uns aos outros", disse o presidente da câmara de Saint-Pierre-D'Oléron, Christophe Sueur, em declarações à CNN. "Podemos ouvir rolas, gaivotas, tratores, é o que faz também a beleza da nossa ilha. A paisagem sonora é muito importante", acrescentou.
"Espero que as pessoas percebam o significado da ruralidade", dissw Corinne Fesseau, que se apresentou em tribunal, deixando o galo na capoeira com receio de que este perturbasse o tribunal.
Mas Maurice não é apenas um galo. E em França, um galo não é apenas um galo, porque evoca o símbolo do país. Em sinal de solidariedade, várias pessoas levaram galos para o tribunal, durante a primeira audiência do julgamento.
A solidariedade saiu da barra do tribunal e já se espalha pelas redes sociais. Há já uma petição online, com quase 130 mil subscritores, a pedir para salvar o pescoço de Maurice.
Algo que não estará em risco, segundo uma advogada especializado em lei animal, ouvida pela CNN. "Não poderá ser ordenada a destruição de propriedade, a destruição de Maurice. É um ser vivo, com sensibilidade", disse.
"Estamos perante uma disputa clássica, com problemas de ruído que as gentes da cidade não compreendem", acrescentou a advogada.
"É inacreditável que as pessoas da cidade não queiram ouvir os sons do campo", disse Bruno Dionis du Sejour, presidente do município de Gajac, uma vila rural no sul de França. "A diferença entre cidade e campo alarga-se", acrescenta o autarca, que promete ir ao tribunal manifestar apoio a Maurice. "Espero que vença", acrescentou.