O Papa Francisco alertou, no domingo, sobre o medo do diferente que leva os homens a unirem-se apenas com outros semelhantes, o que pode levar ao nascimento de seitas.
Francisco fez estas declarações hoje na praça de São Pedro, no Vaticano, durante as festividades do Pentecostes.
"Hoje, no mundo, as desarmonias tornaram-se divisões reais. Há quem tem demais e há quem não tem nada, aqueles que procuram viver cem anos e aqueles que não podem nascer. Na era da tecnologia, estamos distanciados: mais 'social', mas menos sociáveis", lamentou o papa.
"Há sempre a tentação de construir 'ninhos' para se reunir em torno do próprio grupo, para as suas próprias preferências, o igual com o igual, alérgico a qualquer contaminação. Do 'ninho' à seita, o passo é curto", acrescentou.
O papa presidiu esta celebração em que os católicos comemoram a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e na sua homilia defendeu a necessidade dos homens encontrarem paz e harmonia, para que se sintam calmos "mesmo quando à superfície as ondas estejam agitadas".
Francisco criticou "a corrida imposta pelo nosso tempo", que marginaliza a harmonia e leva as pessoas a correrem", movidas por um nervosismo contínuo" que as faz "reagir mal a tudo".
"A solução rápida é procurada, uma pílula após a outra para continuar, uma emoção atrás da outra para se sentirem vivos", disse.
Em vez de continuar com essa dinâmica, o papa encorajou a "colocar a ordem no frenesim" e a sentir paz; e em vez de inquietação, confiança; e em vez de desânimo, alegria e não tristeza.
Finalmente, repudiou que nas sociedades atuais está "na moda adjetivar" e insultar, ações que acabam por prejudicar "tanto aqueles que são insultados quanto aqueles que insultam".
"Retornando o mal com o mal, passando das vítimas para os executores, não vivemos bem, mas aqueles que vivem de acordo com o Espírito trazem paz onde há discórdia, concórdia onde há conflito", afirmou.
"Os homens espirituais retornam o bem para o mal, respondem à arrogância com mansidão, à malícia com bondade, ao ruído com o silêncio, à murmuração com a oração, ao derrotismo com um sorriso", concluiu.
A solenidade do Pentecostes é uma das datas mais importantes do calendário cristão e é celebrada no quinquagésimo dia após o domingo de Páscoa.