Agora é a vez dos inspetores da Autoridade Tributária (AT) virem a público dizer que ninguém os defendeu. Tanto a Direção da Autoridade Tributária como o Ministério das Finanças preocuparam-se apenas com controlo de danos da sua própria imagem.
A Associação Sindical dos Profissionais da Inspeção Tributária e Aduaneira (APIT) diz que aguardou, na semana passada, que a Direção da Autoridade Tributária (AT) e o Ministério das Finanças viessem publicamente defender com verdade os seus trabalhadores e a sua atuação no âmbito das operações stop realizadas pelo Fisco no distrito do Porto. "Mas nada disso se observou", sublinha a APIT. O Governo e, muito mais tarde, a Direção da AT agiram apenas numa lógica de "controlo de danos da sua imagem".
Em comunicado, a APIT mostra-se indignada com a total ausência de uma reação oficial que defenda os funcionários. "Praticamente uma semana depois desse evento, e apesar das inusitadas e diversas declarações públicas reveladoras de um profundo desconhecimento da nossa realidade, todos nós continuamos à espera que a Direção da AT manifeste, interna e externamente, a defesa responsável dos trabalhadores e da sua atuação. Afinal, os valores e os princípios que orientam as nossas ações não mudam conforme as circunstâncias", refere.
Apesar das críticas, a APIT defende que ação é legal e que os trabalhadores agiram correspondendo a uma obediência hierárquica. O diretor de Finanças do Porto acabou mesmo por pedir a demissão na sequência da polémica causada pelas operações stop, cessando funções no início deste mês. Os membros da Associação dizem ainda que ao "circo mediático" interessava era aproveitar o momento para exigir uma redução ou mesmo paralisação da intervenção da AT, tornando impossível a sua execução (o que foi momentaneamente conseguido). Tanto assim, que o Governo cancelou, no dia 28 de maio, toda a operação denominada "Ação sobre Rodas", que tinha já ocorrido noutros cinco concelhos do distrito do Porto. Adicionalmente, poucos dias depois, o Ministério das Finanças travou igualmente uma megaoperação de controlo nos casamentos e festivais, tal como fazia todos os anos.
"Não conhecia o plano, nunca o diretor de Finanças do Porto discutiu o tema comigo, nem o partilhou ou submeteu a discussão em qualquer reunião do Conselho de Administração da Autoridade Tributária e Aduaneira. Tive conhecimento da ação, já em curso, através da Imprensa", afirmou Helena Borges, ao JN, no dia 31 de maio.