Milhares de manifestantes são esperados hoje, nas imediações da residência oficial da primeira-ministra britânica, Theresa May, em protesto contra a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, esta segunda-feira, não resistiu a voltar a dirigir "farpas" sobre assuntos britânicos.
Ainda o "Air Force One" - o avião presidencial - não tinha aterrado no aeroporto de Stanted, de onde partiu em helicóptero para os jardins do Palácio de Buckingham, já ressoava uma mensagem interpretada como insulto ao presidente da Câmara de Londres.
"Sadiq Khan, que, segundo dizem, fez um trabalho terrível como "mayor" de Londres, foi absurdamente mal-educado e fez comentários desagradáveis sobre o presidente dos Estados Unidos", escreveu no Twitter.
Referindo-se ao autarca trabalhista, que anteontem o apresentou como "um dos mais notórios exemplos da crescente ameaça global" da extrema-direita, Trump classificou-o como "um perdedor" que "deveria centrar-se na delinquência em Londres" e não nele.
Com o Reino Unido em plena crise de governo (Theresa May recebe-o hoje no seu último ato de Estado) e de impasse na negociação da saída da União Europeia, o visitante norte-americano desferiu, ao final do dia, uma nova estocada pouco diplomática.
Dizendo que as negociações entre Washington e Londres "estão a começar", afiançou que "é possível um grande acordo comercial quando o Reino Unido se livrar das grilhetas" que o ligam à UE. E não ficaram por aqui as provocações.
"MULTIDÕES DE SIMPATIZANTES"
Num balanço do dia ("a parte de Londres da viagem está a correr muito bem", escreveu no Twitter, entre elogios à simpatia da família real), afirmou ter sido recebido por "multidões de simpatizantes e pessoas que gostam" dos EUA e observou: "Não vi nenhum protesto, mas estou certo de que as "fake news" trabalharão duramente para encontrá-los".
Ontem, não estavam previstas manifestações expressivas (foram colocadas tarjas, junto da embaixada dos EUA, com palavras de ordem como "Resista a Trump" e "Resista à crueldade"), mas para hoje estão convocadas iniciativas de protesto a tentar replicar as da primeira visita, em julho do ano passado (250 mil pessoas em Londres, 150 mil noutras cidades).
Entre outras personalidades, o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, um dos dirigentes que recusaram participar no banquete oferecido pela rainha e levaram a que Trump não fosse convidado para discursar no Parlamento, apelou ontem à participação nas manifestações como "oportunidade para demonstrar solidariedade com todos os que (Trump) atacou nos Estados Unidos, no mundo e até no Reino Unido".
Está garantida a presença do balão gigante (seis metros) que representa Trump de fralda usado no ano passado e que o Museu de Londres pretende adquirir.
BREXIT
Boris Johnson repete promessa de saída em outubro
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson, dado como o favorito entre as bases, lançou esta segunda-feira oficialmente a campanha para a liderança do Partido Conservador, reiterando que o Brexit é para ocorrer dentro do prazo. "Se eu entrar (no número 10 de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico), sairemos (da União Europeia) com ou sem acordo a 31 de outubro. É isso que faremos", garante no primeiro vídeo de campanha, divulgado através da rede social Twitter.