Prémio Especial do Júri de Un Certain Regard atribuído a "Liberté", de Albert Serra.
O filme do realizador espanhol Albert Serra, "Liberté", coproduzido como as suas obras anteriores pela portuguesa Rosa Filmes, venceu na sexta-feira à noite o Prémio Especial do Júri de Un Certain Regard, a secção oficial paralela do Festival de Cannes, para onde transitam os filmes que não tiveram lugar na competição pela Palma de Ouro mas que pela sua qualidade, ousadia ou relevância estética ou temática merecem exibição no festival.
Filme rodado em Portugal
É o caso de "Liberté", o novo filme do realizador de "Honra de Cavalaria" e "A Morte de Luís XIV" e cuja história se passa em 1774, alguns anos antes da Revolução Francesa, quando um grupo de aristocratas e libertinos expulsos da corte puritana de Luís XVI procuram apoio junto do lendário Duque de Walchen, sedutor e livre pensador alemão. E ousadia é o que não falta a esta nova aposta do realizador catalão, que constrói o seu filme em planos longos e elaborados, de enorme beleza pictórica e onde o sexo livre e explícito toma conta do espaço narrativo.
Após a entrega do prémio, o produtor Joaquim Sapinho falou ao JN. "A Rosa Filmes tem estado muito envolvida na produção dos três últimos filmes do Albert Serra. Aliás, os dois últimos foram rodados em Portugal", começou por dizer. Sobre o novo projeto, explicou que "tudo começou porque há um ano lhe propusemos, depois da peça que ele tinha criado em Berlim, que devia fazer um filme, e que a rodagem devia ser em Portugal. E assim foi.".
A presença em Cannes e este prémio é o culminar de uma aventura
Sobre a importância do prémio, Joaquim Sapinho sublinhou que "a presença em Cannes e este prémio é o culminar de uma aventura" e deixou a garantia que "dará outros filmes, em que a Rosa filmes também está envolvida. Para o cinema português este prémio, e os outros que temos recebido, significam um reconhecimento do trabalho desenvolvido e a afirmação da internacionalização do cinema português."
E fala português o grande vencedor do Prémio Un Certain Regard. "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", de Karim Ainouz, é aliás o primeiro filme brasileiro a vencer um prémio principal em Cannes desde há 50 anos. A história decorre nos anos do 1950, num Rio de Janeiro puritano, onde os códigos morais fazem com que duas jovens irmãs sejam separadas, sem nunca mais saberem nada uma da outra.
O filme galego "O Que Arde", de Oliver Laxe, venceu o Prémio do Júri, presidido pela libanesa Nadine Labaki, realizadora de "Cafarnaum", que este ano chegou à corrida pelos Oscars e dos restantes prémios salienta-se a Menção Especial a "Jeanne", de Bruno Dumont e o Prémio de Interpretação a Chiara Mastroianni, pelo seu papel de "Chambre 212", de Christophe Honoré.
A Palma de Ouro e os restantes prémios do júri da seleção oficial competitiva serão anunciados este sábado a partir das 19.15 horas locais (uma mais do que em Portugal continental).