O secretário de Estado norte-americano pediu ao homólogo russo para retirar o apoio ao líder venezuelano, Nicolás Maduro, pedido feito durante uma reunião em que o Irão e a suposta interferência russa nas eleições norte-americanas foram também temas abordados.
Os dois chefes de diplomacia, Mike Pompeo dos EUA e Sergei Lavrov da Rússia, reuniram-se esta terça-feira para "melhorar as relações" bilaterais, sendo que um dos temas abordados foi a crise venezuelana: os Estados Unidos reconhecem Juan Guaidó como presidente interino e a Rússia mantêm o apoio ao presidente de facto, Nicolás Maduro.
"Os Estados Unidos e mais de 50 países consideram que chegou a hora de Maduro abandonar o poder", afirmou Mike Pompeo, numa conferência de imprensa conjunta em Sochi, acrescentando que a renúncia de Maduro é necessária para "acabar o sofrimento do povo venezuelano".
Além disso, assegurou que a posição norte-americana é que sejam os venezuelanos a escolher os seus líderes, apesar de enfatizar que o país deve ser uma democracia.
Do lado russo, Sergei Lavrov respondeu que "não se pode instaurar uma democracia pela força" e acusou os EUA e Guaidó de recorrerem continuamente a ameaças de uma possível intervenção militar, o que, na sua opinião, "não tem nada a ver com uma democracia".
Noutros assuntos da reunião, o chefe da diplomacia norte-americana afirmou que os EUA querem evitar uma possível guerra com o Irão, numa altura em que as tensões entre ambos países crescem.
Pompeo advertiu também Lavrov contra a tentativa de interferência nas próximas eleições presidenciais norte-americanas. "A interferência nas eleições é inaceitável e se os russos se envolvessem nisso em 2020 [data das próximas eleições], colocariam o nosso relacionamento numa situação ainda pior", referiu.
Já o ministro russo classificou as acusações de conluio entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e a Rússia como "pura ficção" e disse esperar que a publicação do relatório do procurador especial Robert Muller contribua para o retomar de diálogo entre os países.
"Tais insinuações são pura ficção. Espero que, após a recente publicação do relatório de Muller, os ânimos acalmem e seja possível avançar para estabelecer um diálogo profissional entre os países", disse.
O ministro russo avançou também que a Rússia "reagirá positivamente" a um pedido de reunião entre o seu presidente, Vladimir Putin, e Donald Trump, depois do norte-americano ter anunciado que se encontraria com o homólogo russo e chinês, Xi Jinping, na cimeira do G20.