A Fenprof acusou esta terça-feira o ministro das Finanças de ter apresentado ao parlamento "números pouco rigorosos e nada transparentes" sobre os custos do tempo de serviço e afirma que os professores recusam "ficar reféns" de uma política discriminatória.
Em comunicado divulgado em reação à audição do ministro das Finanças esta terça-feira na comissão parlamentar de Educação e Ciência, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) acusou Mário Centeno de usar uma "versão governamental" dos números relativos ao custo da contagem integral do tempo de serviço congelado aos professores - nove anos, quatro meses e dois dias - para "chantagear os partidos à esquerda e à direita do PS".
No documento, a Fenprof contesta alguns dos números apresentados pelas Finanças, desde logo o das estimativas de professores que atingem o topo da carreira até 2021, que Mário Centeno estimou em cerca de 20 mil.
A Fenprof recorda que segundo dados fornecidos pelo Ministério da Educação em fevereiro de 2018, e aplicando-se a recuperação parcial proposta pelo Governo - dois anos, nove meses e 18 dias - atingiriam o topo da carreira 21.187 docentes até 2021, e no mesmo período passariam à reforma 3.383 professores no último escalão da carreira e mais 1706 de outros escalões mais baixos.
Pelas contas da federação, em 2021 apenas estarão no topo da carreira 17.804 docentes.
"Não restam dúvidas de que o PS pretendeu, ao chamar Mário Centeno ao Parlamento, aumentar a pressão sobre os outros partidos e colocar a opinião pública contra os professores. Com este procedimento, governo, PS e Mário Centeno reiteraram o seu desrespeito pelos professores, não conseguindo disfarçar todo o desprezo que nutrem por estes profissionais. Os professores jamais aceitarão ficar reféns das políticas de qualquer governante ou governo que, como o atual, pretenda discriminá-los", lê-se no comunicado da Fenprof.
A federação reafirma que os professores vão continuar a exigir e a lutar pela recuperação total do tempo de serviço.
"Admitem o faseamento e consideram que qualquer proposta apresentada pelos partidos políticos no Parlamento, apesar das insuficiências, é melhor que qualquer uma das duas hipóteses por que o governo quer que os professores optem. Procurando a melhor solução possível, a Fenprof está a reunir com os grupos parlamentares que apresentaram propostas e no próximo dia 2, à tarde, estará na comissão parlamentar quando estas forem discutidas", lê-se ainda no documento.