O Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro confirmou, esta quinta-feira, por unanimidade, a constitucionalidade do sacrifício de animais na realização de cultos religiosos, avança a imprensa local.
O caso chegou ao STF através de um recurso do Ministério Público do Estado brasileiro de Rio Grande do Sul que se opunha a uma decisão do Tribunal de Justiça daquela região que autorizou a prática em relação a religiões de matriz africana, desde que sem excessos e crueldade.
O julgamento começou no ano passado e foi finalizado na tarde desta quinta-feira. Na conclusão, os juízes do STF entenderam que a crueldade contra os animais não faz parte do ritual de culto das religiões de origem africana.
"A liberdade religiosa é um direito fundamental das pessoas, é um direito que está associado às escolhas mais essenciais e mais íntimas que uma pessoa pode fazer na vida", disse o juiz Roberto Barroso, citado pela Agência Brasil.
Por sua vez, o juiz Alexandre de Moraes afirmou que existe confusão entre rituais religiosos de sacrifício e práticas de magia negra, nos quais os animais seriam maltratados.
"O ritual não pratica crueldade, não pratica maus-tratos. Várias fotografias, com animais mortos e lançados em estradas e viadutos, não têm nenhuma relação com o Candomblé [religião afro-brasileira] e demais religiões de matriz africana. Houve uma confusão, comparando situações que se denominam popularmente de magia negra com religiões tradicionais no Brasil de matriz africana", afirmou o magistrado.
"A oferenda dos alimentos, inclusive com a sacralização dos animais, faz parte indispensável da ritualística das religiões de matriz africana", declarou ainda Moraes.
O Fórum Nacional de Proteção de Defesa Animal, uma das maiores organizações não-governamentais de proteção animal do Brasil, sustentou que nenhum dogma pode ser legitimado pela crueldade, segundo a Agência Brasil.