Dezenas de instituições, organizações e empresas portuguesas, além da sociedade civil em geral, anunciaram apoios financeiros e ações de recolha de bens e fundos para ajudar os milhões de afetados pelo ciclone Idai que atingiu Moçambique.
As autoridades identificaram até ao momento 761 mortos em Moçambique, Zimbabué e Maláui, os três países africanos que há dez dias foram os mais afetados pela passagem do ciclone Idai.
Em Moçambique, o número de mortos subiu hoje para 446, tratando-se ainda de números provisórios. A área submersa em Moçambique é de cerca de 1.300 quilómetros quadrados, segundo estimativas de organizações internacionais, e a cidade da Beira, no centro litoral do país, foi uma das mais afetadas pelo ciclone, na noite de 14 de março.
Perante esta tragédia, dezenas de organizações, autarquias, empresas e outras instituições portuguesas anunciaram apoios para Moçambique.
A Fundação Calouste Gulbenkian disponibilizou-se a participar nas primeiras ações de socorro humanitário e decidiu doar 100 mil euros, especificamente vocacionados para a aquisição de medicamentos e outros consumíveis na área dos cuidados de saúde.
Já os CTT estão a receber, até 08 de abril, roupas doadas nas suas lojas para enviar para Moçambique, de forma gratuita. A empresa fez uma parceria com os Correios de Moçambique "para garantir a chegada de roupa às populações afetadas".
Também a Irmandade dos Clérigos, no Porto, decidiu enviar um donativo de 50 mil euros aos bispos de Moçambique, para que com o "sentido pastoral" ajudem no terreno os "deslocados e desalojados nestes primeiros dias". O presidente da Irmandade dos Clérigos, Américo Aguiar, afirma que é nos "momentos difíceis" que todos devem agir para além das possibilidades de cada um.
O Santuário de Fátima vai enviar 15 mil euros para o apoio às vítimas, através da Cáritas Portuguesa.
Vários municípios anunciaram apoios financeiros, entre os quais Lisboa, que avançou com 150 mil euros e o envio de equipas para apoio a necessidades básicas no terreno, e Sintra, que vai doar 120 mil euros e dar apoio logístico à câmara moçambicana da Beira.
A Câmara do Porto vai disponibilizar "apoio de equipas pós-catástrofe" e 100 mil euros para a "reconstrução do hospital" da Beira, de acordo com "necessidades" já identificadas por organizações não-governamentais (ONG).
A autarquia do Seixal (município geminado há mais de 20 anos com a Província de Sofala, de que é capital a Cidade da Beira) também anunciou um apoio financeiro de 12 mil euros às entidades a operar no terreno - Cruz Vermelha Portuguesa, Fundação AMI e as Organizações não Governamentais para o Desenvolvimento Oikos e Helpo.
O Seixal irá ainda promover uma campanha de recolha de alimentos não perecíveis e medicamentos num concerto solidário, no âmbito da iniciativa Março Jovem, com a atuação dos HMB no dia 30 de março, que serão encaminhados através das entidades oficiais nacionais, nomeadamente o Instituto Camões da Cooperação e da Língua Portuguesa.
Já organizações como a Cruz Vermelha têm em curso a iniciativa "Operação Embondeiro por Moçambique" que, além de um hospital de campanha e de uma equipa de 20 elementos que parte hoje para o território, tem em curso um Fundo de Emergência que conta já com mais 700 mil euros.
Na área da cultura foram vários os artistas que manifestaram solidariedade e anunciaram iniciativas para angariar fundos, entre os quais o músico João Gil que, em conjunto com a Cruz Vermelha Portuguesa lançou o desafio a todos os artistas lusófonos para participarem no "maior concerto do mundo" angariando fundos destinados a Moçambique.
A 02 de abril, numa iniciativa da cantora de origem moçambicana Selma Uamusse, vários artistas atuarão no Teatro Capitólio, em Lisboa, num espetáculo transmitido em direto pela RTP, cujas receitas "revertem integralmente para associações que prestam assistência em Moçambique, às vítimas do ciclone Idai".
Na tarde de hoje vários músicos atuam na associação cultural ZDB, em Lisboa, para apoiar a população moçambicana.
A iniciativa solidária teve por objetivo angariar verbas e donativos que serão entregues ao Grupo Unidos pela Beira, cujo trabalho "se tem revelado significativo na minimização dos efeitos da catástrofe", refere a associação cultural.
Entre os cerca de 60 músicos e artistas visuais que se associam à tarde solidária estão Selma Uamusse, B. Fachada, Gisela João, Lula Pena e Ricardo Toscano, Wasted Rita, Alice Geirinhas, Hugo Canoilas, António Poppe, Igor Jesus, Xavier Almeida, Joana Hintze, Filipe Sambado, Jasmim, Primeira Dama e Ricardo Toscano com Pedro Sousa e Gabriel Ferrandini.