O presidente de Angola disse esta noite, em entrevista à RTP, que a corrupção é "uma prioridade" e que essa prioridade não foi estabelecida por ele mas pelo partido.
Quando João Lourenço chegou ao Governo, "os níveis de corrupção eram insustentáveis", declarou."Não posso garantir que no futuro não haverá corruptos, a grande diferença é que não ficarão impunes".
"Não foi uma surpresa", reagiu, quando questionado sobre o que encontrou quando tomou posse. Afinal, "não sou alguém vindo de outro planeta, cresci no MPLA muito antes de vir parar a estas funções". Agora, "estando cá, tive a dimensão real da corrupção". Ainda sobre esta temática, e enquanto esboçou um sorriso, afirmou que a justiça é para todos. "Mesmo sendo filhos de quem são, não deixam de ser cidadãos".
Sobre a dívida do Estado às empresas portuguesas, escusou-se a indicar montantes e possível calendarização para a sua liquidação. Em vez disso, garantiu o seu pagamento por partes, de forma faseada, como tem sido feito até aqui. O montante contabilizado hoje já é muito diferente do que se somava em novembro, aquando da sua visita a Portugal. O importante, disse, é que "Angola reconhece que deve e vai pagar. Toda a dívida é para ser paga".
A captação de investimento na área da agricultura foi por duas vezes mencionada. No seu entender, as restantes áreas nevrálgicas para o desenvolvimento do país são a indústria, as pescas e o turismo.
A entrevista começou por abordar as relações com Portugal, classificadas pelo presidente angolano não só como boas, como estando no "pico da montanha, lá bem em cima". A ida de Marcelo Rebelo de Sousa ao seu aniversário, que se festeja esta terça-feira, não foi um mero acaso ou coincidência. João Lourenço diz que desafiou Marcelo a fazer-lhe a visita precisamente nesta altura. "As nossas relações são boas, apesar da diferença de idade".
Desvalorizou ainda a omissão de Portugal no discurso da tomada de posse, dando a entender que outros países houve que também ficaram de fora do discurso.