Pressão imobiliária no Centro Histórico do Porto está a obrigar idosos a pagar para evitar ameaças.
O comportamento de alguns especuladores imobiliários que, nos últimos anos, têm reforçado a sua presença no centro do Porto, adquirindo, a preços por vezes exorbitantes, edifícios nas ruas mais emblemáticas da cidade, está a fazer com que haja inquilinos, sobretudo idosos que recusam sair, a pagar a seguranças para se defenderem de comportamentos agressivos dos senhorios. Há relatos de proprietários que contratam "capangas" para visitar os mais renitentes e ameaçá-los de morte. E as associações de inquilinos qualificam estas práticas como "ações de guerrilha", "bullying imobiliário" e "criação de terror".
Este "fenómeno" - de alegada coação para forçar a saída de inquilinos dos edifícios do Centro Histórico - tem sido um segredo bem guardado. Por medo de represálias. E o facto de só agora vir a lume pode estar relacionado com o incêndio, de alegada origem criminosa, que vitimou mortalmente, no sábado, um homem que habitava num prédio na Rua de Alexandre Braga, junto ao Bolhão. Única inquilina do edifício em causa, a família - mãe, de 88 anos, e três filhos, um deles deficiente - vinha recebendo nos últimos tempos "visitas" de indivíduos "corpulentos" que não terão hesitado em ameaçá-los de morte, caso o agregado teimasse em manter-se no prédio.