O secretário-geral do PCP criticou 22 vezes o PS e as opções do Governo, seja pelas alterações à lei laboral, com o PSD e o CDS, seja "pela obsessão com o défice".
Jerónimo de Sousa discursou longamente, este domingo, no encerramento da 10.ª assembleia da Organização Regional de Setúbal do PCP, no Barreiro, distrito de Setúbal, e insistiu nas críticas ao executivo do PS, que tem apoiado no parlamento.
Sempre que Jerónimo se referiu ao PS, ao longo das nove páginas de discurso, era para criticar as opções dos socialistas e isso aconteceu pelo menos duas vezes, parte delas por ter buscado apoio a medidas ao PSD e ao CDS.
O PS fez, como o PSD e o CDS, "uma política de direita e integração capitalista europeia", assim como "resistiu" a reverter a legislação laboral, ou por ter ficado "em cima do muro" quanto às mudanças no Serviço Nacional de Saúde, afirmou.
Outra crítica de Jerónimo de Sousa ao PS radica na "tentativa de impor" a descentralização de poderes para as autarquias, "com o apoio do PSD".
E mesmo "os avanços" reivindicados pelos comunistas, como a reposição de rendimentos ou reduzir as taxas moderadoras na saúde, por exemplo, só foram possíveis por "o Governo minoritário do PS não ter as mãos completamente livres para impor a sua vontade".
Jerónimo olha eleições deste ano como uma só batalha
O líder do PCP pediu que as três eleições deste ano, europeias, regionais na Madeira e legislativas, sejam vistas como "uma única batalha" e atacou as opções de Governo, que, sublinhou, é do PS e não das esquerdas.
"São três batalhas que exigem que se assumam como uma única só batalha, em que cada uma soma e se projeta para a seguinte", afirmou.
Jerónimo criticou abertamente várias opções do PS e de António Costa, e deu explicações do que fez o PCP no apoio parlamentar ao Governo, desde 2015, ou a "nova fase da vida política nacional".
"Sim, Governo minoritário do PS e não Governo das esquerdas", disse, para "clarificar" a posição dos comunistas.
Nos últimos três anos e meio só não se foi mais longe, acrescentou o secretário-geral dos comunistas, porque "permanecem fortes constrangimentos e paralisantes contradições", que resultam das "opções do PS e do seu Governo minoritário".
E insistiu na tese de que o que fez crescer a economia nos últimos anos foram as medidas apoiadas pelo PCP. "Um vasto conjunto de medidas que foram determinantes para dinamizar o mercado interno e fazer crescer a economia e o emprego" foram a recuperação de rendimentos, a redução do IVA na restauração ou ainda a redução das taxas moderadoras na saúde.
"Sim, foi a reposição de rendimentos e direitos o motor dos avanços também neste domínio e não resultado da ação de um qualquer mágico ou qualquer Ronaldo da economia", afirmou o líder comunista, numa referência implícita ao ministro das Finanças, Mário Centeno.
Jerónimo pede aos militantes e aos eleitores mais votos, porque "quantos mais votos e eleitos pela CDU nas eleições de 2019, mais força" terá o que classifica de "política alternativa em Portugal".