Um médico de 74 anos entregou-se esta sexta-feira às autoridades brasileiras, depois de a Justiça ter decretado a sua prisão por supostos abusos sexuais contra cerca de 30 mulheres no seu consultório.
Segundo a Esquadra de Defesa da Mulher do município de Presidente Prudente, uma pequena cidade localizada a cerca de 580 quilómetros do Estado brasileiro de São Paulo, o cardiologista Augusto César Barretto Filho chegou acompanhado do seu advogado para cumprir, voluntariamente, a pena que lhe foi imposta.
Posteriormente, agentes da polícia transferiram-no para uma prisão exclusiva para acusados de crimes sexuais.
Uma funcionária da esquadra disse à agência Efe, sob anonimato, que o número de vítimas, com idades entre os 18 e os 56 anos, "é muito maior" do que as 30 registadas até ao momento e que "novos casos e novas denúncias não param de chegar".
"Os relatos são bastante semelhantes e mostram bem a forma do cardiologista atuar. Há relatos de abusos ocorridos há 30 anos e de outros mais atuais", afirmou a funcionária.
Em conferência de imprensa, a agente encarregada do caso, Adriana Pavarina, afirmou que a prisão do cardiologista representa o "empoderamento" das vítimas de abusos e violações sexuais.
"Convidamos as vítimas a comparecer. (...) A identidade e a preservação de todos os direitos e garantias individuais, tanto das vítimas como do investigado, serão mantidas em sigilo", declarou Adriana Pavarina.
O Ministério Público solicitou na segunda-feira a prisão preventiva do cardiologista, após confirmar a prática de atos sexuais contra várias das suas pacientes.
De acordo com a denúncia apresentada pelo procurador Filipe Antunes, o médico "fez uso da sua profissão e da confiança nele depositada" para a prática de "atos libidinosos" através do "artifício consistente" de sujeitar as vítimas a uma consulta médica.
O Ministério Público informou ainda que as investigações começaram em julho de 2018, depois de uma mulher ter denunciado o ataque do médico.
Após o expressivo número de casos relatados, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo abriu uma investigação interna para averiguar as acusações que, uma vez comprovadas, poderão implicar a cassação do registo profissional de Barretto Filho.